DELMAR GERALDO BARRÃO nasceu no Rio de Janeiro a 15 de junho de 1916, filho de Cesar Barrão e D. Maria Paranhos Barrão. Foi funcionário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Publicou: "Pedacinhos" - trovas.
Talvez eu fosse feliz
se conseguisse esquecer
o bem que pude e não fiz,
o mal que fiz sem querer...
Trouxe-me grande valia
a verdade que aprendi:
- toda pessoa vazia
é sempre cheia de si.
Seria ventura imensa
a Vida, que é má porque
não é nunca o que se pensa,
é somente o que se vê...
O teu sorriso travesso
eu bem posso comparar
a uma joia de alto preço,
que, pobre, só posso olhar...
Vemos tanta nulidade
galgar posições, vencer,
- que até sentimos vontade
de tudo desaprender.
Justiça é o que, no domínio
alto e puro da Razão,
tem muito do raciocínio
e um pouco do coração.
No quadro negro da vida,
o apagador natural
é o Tempo. O Tempo, querida,
que apaga tudo, afinal...
No amor, quando o sonho acaba
e a realidade começa,
vemos que a felicidade
não foi além de promessa.
Tu foste o grande problema
de um jovem cheio de ardor.
E ainda hoje, és o tema
deste velho trovador.
Meu amor, em tua vida,
foi ilusão, nada mais.
- Uma estrela refletida
nas águas dos pantanais.
Na tristeza do sol-posto,
ao perceber tua fuga,
senti nascer, no meu rosto,
a primeira grande ruga!
Minha Mãe, foi o destino
que me fez voltar... sou eu!
- Nada resta do menino
que a Senhora conheceu!