Diamantino Ferreira - Campos

     nascido no Rio de Janeiro, no dia 27 de julho de 1926. Promotor de Justiça aposentado. Reside atualmente em Campos/RJ.

 

Lua, que vagas, serena,
na amplidão do azul celeste,
traz consolo à minha pena,
leva a dor que me trouxeste!

Sofrem tantos na agonia
do delírio, dito "amor";
isso tudo acaba um dia,
faz frio após o calor...

Na casa de quem escreve
há sempre papel no chão:
não perde tempo quem deve
segurar a inspiração!

 

Beijo nas faces, carícias
- como tantas, inocentes;
mas abraços são primícias
dos desejos mais ardentes!

Não sou ave, nem sou peixe;
nunca aprendi a nadar,
mas peço a Deus que me deixe
um dia destes voar!

Tantos anos, e eu daqui,
cuidei da vida lá fora;
fiquei moço, envelheci...
- Mas estou voltando agora!

Havia só uma ponte!
- Ao chegar, já vejo duas!
Que o progresso mais desponte...
Saudades de minhas ruas!

Os meus garbosos oitenta
jamais pensei alcançar:
será que a carcaça agüenta
uns outros mais a chegar?

Para nos meter o malho,
como se fosse inimigo,
Deus inventou o trabalho,
deu-nos sogra por castigo!