DJALMA ANDRADE nasceu em Congonhas do Campo/MG, em 03/12/1894, filho do Dr. Cândido de Andrade e de Leonor Martins de Andrade. Autor de: "Vinha Ressequida", "Versos Escolhidos e Epigramas", "Poemas de Ontem e de Hoje" e "Sátiras", entre outros. Formado em Direito, mas sua paixão mesmo era pelo jornalismo. Atuou em quase todas as revistas e jornais em Belo Horizonte. Faleceu em 1977, aos 83 anos.
A título de curiosidade: o clube de futebol Atlético Mineiro, teve dois hinos. O segundo (o atual) foi composto em 1969 e o primeiro, de 1928, tinha letra composta por Djalma de Andrade.
Numa vela se resume
toda luz que o morto leva:
– ninguém vê que é pouco lume
para o tamanho da treva!
De todas que amei no mundo
uma somente ficou:
deixou traço mais profundo
quem mais de leve passou...
Todo o teu corpo estremece
se te falo - que doidice!
Que dirá se eu te dissesse
aquilo que não te disse!
Tive sede... Com teu beijo,
quis matá-la e foi pior:
depois de morto o desejo
veio um desejo maior!
Mulher perigo, ameaça,
é aquela que diz, travessa,
uma coisinha sem graça
que não nos sai da cabeça...
Quando penso em ti, eu penso
tão alto,com tal tormento,
que chego a temer que os outros
escutem meu pensamento.
TROVAS DE BOM HUMOR
O cura de nossa terra,
cura dos mais refinados,
já me conhece de sobra
através dos teus pecados.
Tenho medo, faço alarme
quando Alice me sorri:
aos cinquenta anos quer dar-me
o que aos vinte lhe pedi...
Tua modista, senhora,
mostrou ter grande talento,
prendendo um chapéu de plumas
numa cabeça de vento!
Hoje só sedas consome
esta mulata supimpa:
- depois que sujou o nome
é que ela ficou mais limpa...
De tua boca engraçada,
fonte de loucos desejos,
eu nunca esperei mais nada
senão tolices e beijos.
Com setenta anos de idade,
a velha se confessou:
Pecado? Não. Só vaidade
de dizer que já pecou...