Dorival Coutinho da Silva - São Paulo

     Dorival Coutinho da Silva, natural de São Paulo, nasceu em 26 de março de 1951. É filho de José Coutinho da Silva e Amélia Bastos Silva. Com Pedagogia e Pós-graduação em Língua Portuguesa, aposentou-se nos cargos de professor e diretor de escola. Em 1991 publicou o livro “Humor em Trovas”. Foi membro da UBT-União Brasileira de Trovadores e da Casa do Poeta de São Paulo, tendo poemas e trovas aproveitados em livros didáticos.

Sentou, de noite, no trono
ao sonhar com a monarquia.                             (1º lugar Petrópolis, 1993)
E foi rei durante o sono,
sendo vassalo de dia...

As mãos de CHATEAUBRIAND
plantaram, num gesto ousado,
as sementes do amanhã
no chão rude do passado!

Olho teus olhos e arquejo,
perdido num labirinto:
não sei se louvo o que vejo
ou se confesso o que sinto!

 Em meio a tanta descrença
 — que torna a vida pequena —
 me inspira pena quem pensa
 que a vida não vale a pena! 

Para o azul do firmamento
lentamente o sol aflora,
como um brilhante rebento
do ventre fértil da aurora!

Lábios nos lábios… Depois
da introdução favorita,
só encenamos, a dois,
o que o coração nos dita.

Éramos flor e perfume
mas caíste, desgarrada,
na espinheira do ciúme...
Uma lembrança e mais nada. 

Dizer “meu bem” não te digo
e “meu bem” tu não me dizes...
Mas o amor é o bem antigo
que nos tornou bem felizes!

TROVAS DE BOM HUMOR 

Poupar é regra geral
e a mulher é quem mais poupa.
Para algumas, fio-dental
é desperdício de roupa.                     

 A mulher do meu vizinho
me dedica afeto imenso,
pensando que sou "bonzinho",
porque não sabe o que penso! 

É com pública oferenda
que esse corpo feminino,
não estando exposto à venda,
faz rodízio de inquilino.

Enquanto o Zé se arrebenta,
sonhando em se aposentar,
deputado se aposenta
antes mesmo de sonhar.

Se o cardápio do Clemente
não for sopa, faz jejum;
pois no fundo não tem dente                                   (Menção Honrosa São Paulo, 1990)
e na frente... só tem um!...