ESTRANHO BAILADO
( Inspirado em belos versos de Leonilda Hilgenberg Justus)
Em noites quando a insônia me abre a porta,
e mil fantasmas entram, em franquia,
chega também uma esperança morta,
e o baile das lembranças se inicia.
Chora, ao longe, um lamento de agonia...
Pomba-rola ou coruja? Não importa
se uma é da noite e se a outra é do dia;
é som, na orquestra que o silêncio corta.
Nesse estranho bailado, a consciência
traz-me ao sentido um gosto de carência,
de alguma coisa que ficou, lá atrás.
Se tento definir o que seria,
vem a esperança morta e balbucia:
"Deixa o passado, e o resto... o resto é paz!"