HÉLIO GONÇALVES, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Pouso Alegre, Minas Gerais. Filho de João Gonçalves Pereira e Silva e Regina de Oliveira Gonçalves, nasceu em Congonhal/MG a 10 de maio de 1923. Aposentou-se como Auditor Fiscal do Tesouro Nacional. Membro-Fundador da Academia Santarritense. de Ciências e Letras de Santa Rita do Sapucaí.
Meu coração, sem vaidade,
de gangorrar não se cansa:
de um lado pende a saudade
e do outro pende a esperança!
Caminho por uma estrada
sem nunca lhe ver o fim;
e, de quebrada em quebrada,
deixo um pedaço de mim...
Não há nenhum lenhador
de poderoso machado
que corte a raiz do amor
que floresceu no passado!
Tantas saudades sofri
e tantas vezes chorei,
que eu penso que já vivi
as saudades que terei...
Lindos pés, pés pequeninos,
peles nuas, róseas, lisas...
quem me dera, pés divinos..
fosse eu a terra em que pisas!
Digo com muito carinho;
ouçam-me e guardem de cor:
o amor se assemelha ao vinho,
quanto mais velho melhor!
Pode dispensar, doutor,
o aparelho de pressão;
por um fracasso de amor
já não tenho coração!...
O olhar dela é como a lua
que orna cidades e campos;
tem o brilho de uma rua
coalhada de pirilampos.
Por que essa busca pelo ouro
e outros metais de valor,
se Deus quer, como tesouro,
simplesmente nosso amor?
Na página do destino
um fato machuca a gente:
ter lembranças de menino
na velhice do presente.
Coveiro, a triste amargura
que trazes no olhar sem brilho,
é fruto da sepultura
que deste ao teu próprio filho
A saudade é qual espinho
que o vento não joga ao chão;
fica onde está, pregadinho,
machucando o coração...