Jesy Barbosa - Campos (1902/1987)

Jesy Barbosa (Jesy de Oliveira Barbosa), cantora, violonista, jornalista e poetisa, nasceu em Campos/RJ em 15/11/1902, e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 30/12/1987. Filha de um jornalista e mãe musicista, tocava violão e teve aulas de canto.
     Iniciou carreira profissional em 1928, na Rádio Sociedade, no Rio de Janeiro a convite de Roquete Pinto. Pioneira da gravadora Victor, em 1928 lançou seu primeiro disco, com as canções Olhos pálidos, de Josué de Barros, e Medroso de amor, de Zizinha Bessa, nas quais colocou os versos.
     De 1929 a 1933 lançou 26 discos, quase todos na Victor, interpretando composições de Marcelo Tupinambá, Joubert de Carvalho, Cândido das Neves, Gastão Lamounier, Henrique Vogeler, entre outros.      Seus maiores sucessos foram as canções Minha viola e Sabiá cantador (ambas de Randoval Montenegro), a canção-toada Volta (1930, de M. Lopes de Castro), o tango Queixas (1932, de Zelita Vilar e Rhea Cibele), e o fox-canção Saudades do arranha-céu (1933, de J. Tomás e Orestes Barbosa), pela Columbia.

     Foi eleita Rainha da Canção Brasileira em 1930, em concurso promovido pelo Diário Carioca. No ano seguinte, foi elogiada pelo príncipe de Gales, futuro rei Eduardo VIII da Inglaterra, que visitava o Rio de Janeiro; em sua homenagem, gravou o tango Príncipe de Gales (Gastão Lamounier e M. Lopes de Castro).

     Além da carreira de cantora, desenvolveu intensa e variada atividade intelectual: foi contista, teatróloga, conferencista e poetisa, tendo publicado Cantigas de quem perdoa, Livraria Freitas Bastos, São Paulo, 1963.

     Trabalhou em várias revistas e jornais, e na Rádio Globo foi redatora durante nove anos, além de radioatriz, novelista e apresentadora. Segundo Orestes Barbosa no livro "Samba", de 1933, sua especialidade eram "as canções de emoção e pensamento".

   OBS = dados biográficos extraídos de  http://cifrantiga2.blogspot.com/2006/10/jesy-barbosa.html

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Dados extraídos do site:  http://carmen.miranda.nom.br/test48_jb.html
(Jornal "A Noite" - Rio, 10 de agosto de 1955)
(cantora, violonista, jornalista e poetisa, 1902-1987)
DEPOIMENTO DA PRÓPRIA JESY BARBOSA:
 

O "Diário Carioca" promoveu um concurso intitulado: "Qual a melhor intérprete da música brasileira? Qual o melhor cantor brasileiro?" Os títulos seriam os de "Rainha da Canção Brasileira" e "Príncipe dos Cantores Regionais". Desde a primeira apuração, na parte feminina, eu estava em primeiro lugar, com Carmen em segundo, quase até o fim, quando o nome de Carmen desapareceu das posições vanguardeiras.

De fato, Carmen se retirou do pleito instituído pelo jornal, mas, na última apuração, compareceu à redação, para "torcer" por mim. E, lá, como a direção do concurso decidisse não apurar os votos em branco, mesmo quando destinados, num só pacote, a qualquer das concorrentes, Carmen ajudou a preencher meus cartões, contanto que eu saísse vitoriosa.

- Essa solidariedade de Carmen mostra bem seu grande espírito, sua noção perfeita de coleguismo, de boa camaradagem. Por isso, nós fomos sempre amigas e grandes amigas, apesar de concorrentes.

- Uma tarde, na Victor, no escritório do diretor da fábrica, minha saudosa Carmen, com aquele seu jeito de brincar sempre, disse, às vésperas de lançar uma de suas primeiras gravações: "Dentro de pouco tempo, só falarão de mim". Essa expressão, dita em tom de gracejo, foi por demais profética. Porque de fato, dentro de pouco tempo só se falou em Carmen Miranda, pois ela obteve a vitória que tanto merecia.

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COMPLEMENTANDO = Jesy era filha de Luiz Barbosa e Victória Barbosa, ambos de Campos também.

TROVAS DE JESY 

Duvidas que numa trova
eu encerre o nosso amor?          (4º lugar Nova Friburgo - 1960)
Na hóstia tu tens a prova:
Não cabe Nosso Senhor?

És rico... Mas que tristeza!      (6º lugar Nova Friburgo 1960)
Tens vazio o coração...
Não ter amor é pobreza
mais triste que não ter pão.

Da uva bem machucada
é que o bom vinho provém;         (Nova Friburgo - 1961)
Felicidade esmagada
nos dá saudade também.

Pôr a saudade num verso,         (Nova Friburgo - 1961)
numa trova; que emoção!
É concentrar o Universo
na palma da minha mão!

Quanto mais teu corpo enlaço,      (1º lugar Friburgo 1962, "Ciúme")
mais padeço o meu tormento,
por saber que o meu abraço
não prende o teu pensamento.

Nenhuma angústia suplanta        (8º lugar Nova Friburgo - 1971)
aquela que silencia,
sufocando na garganta
o pranto de cada dia!...

Quando a mágoa chora e fala,      (11º lugar Nova Friburgo - 1972)
tarde ou cedo finaliza.
Mas aquela que se cala,
no silêncio se eterniza.

Perguntas de que maneira
nosso amor alimentamos?
- Das culpas que, a vida inteira,    (M. Especial Nova Friburgo - 1976)
um ao outro perdoamos.

Alvas nuvens enrolando
o Poente, em seu mantol,       (M. Honrosa Rio de Janeiro - 1983)
- são os anjos enxugando
a face exausta do Sol.

Surpreendente maravilha
a que agora me acontece:
-- Minha mãe é minha filha
na medida em que envelhece!

É tão triste a minha casa,
o meu lar é tão vazio,
que a lareira, acesa em brasa,
ela própria sente frio...

Striptease mais lindo
Nenhum palco pode ter:
Petrópolis, se despindo
Das névoas do amanhecer!

Pousa aqui, cigano andejo!
Minha tenda é hospitaleira.
E na taça do meu beijo
beberás a noite inteira...

Por eu ter te amado tanto,
será que Deus me condena?
- Em que difere meu pranto
do pranto de Madalena?

Mergulhei nos teus abraços
em linda noite de luz,
sem saber que, nos teus braços,
encontrava a minha cruz!...

Vou dizer-te, bem no ouvido,
minha angústia e desespero:
eu te odeio, meu querido,
pelo muito que te quero!

Meu vestido colorido,
tão profanado e desfeito,
era um pássaro ferido,
rolando aos pés de teu leito...

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