BELCHIOR MAIA D'ATHAYDE era padre. Nascido em 16 de dezembro de 1908, em São Lorenço da Mata/PE, filho de Severino Martins de Athayde e Maria de Athayde. Sacerdote da Ordem dos Salesianos, fez Teologia na Itália e falava cinco idiomas. Educador, declamador, além de poeta/trovador e escritor. Fazia parte das Academia Pernambucana e Paraense de Letras. Vários livros lançados, entre eles: "Alma por Alma"-romance, "Bissextas"-poesia, "Clamor"-discursos e conferências. Morou em Salvador. Falecido em 01.01.1976. Foi professor de Aparício Fernandes.
Ah, saudade, esta verdade
jamais a gente abandona:
vai-se a dona da saudade,
fica a saudade da dona!
Quando Deus levanta a destra,
em regências magistrais,
não há mais sublime orquestra
que a dos mundos siderais.
Misericórdia infinita
cravou o Amor numa Cruz;
e a Dor tornou-se bendita,
enchendo a Vida de Luz!
Tive alegria uma vez,
nunca mais tive outra assim:
foi quando o Deus que me fez
se fez Hóstia para mim.
Liberdade! - Brado augusto
que desmorona enxovias,
enchendo de insônia e susto
a noite das tiranias.
Ai de quem as mãos alonga,
num gesto de confiança,
a quem apenas prolonga
as mentiras da Esperança!
Eu sei que a alegria existe.
- O problema é descobrir
onde é que num mundo triste
ela pode residir...
Da vida ao brando balanço
diz o malandro, folgado:
- Se a morte é mesmo descanso,
prefiro viver cansado.