MANUEL ALEXANDRE DE SANTANA SOBRINHO pertenceu à Academia Maranhense de Letras. Nasceu em 04 de janeiro de 1897 em São Francisco/MA e faleceu em 1957. Uma de suas obras: "Hora Iluminada"-1948. Seu "afilhado literário" mais ilustre foi Ferreira Gullar.
Na vida, aprendi que a vida
nenhuma beleza tem,
se não é vida vivida
em prol da vida de alguém.
Quem pela árvore frondente
mede o fruto que há de vir,
não sabe que é diferente
o prometer do cumprir...
Amigos, quantos tiveres,
um por um te deixarão,
quando já não dispuseres
de dinheiro ou posição...
Se alguém se julga perfeito,
a razão disso adivinho:
em si não busca o defeito
que descobre no vizinho.
Do bem por ti desejado
não corras muito na pista:
na vida, o mais apressado
nem sempre é o que mais conquista
És pobre? Sofres? Paciência,
põe no lábio um riso franco:
na roleta da existência
há muito número em branco...
Lembra um batel enfrentando
do mar bravio o furor,
um coração velejando
por entre as ondas do amor...
É pela dor procedida
do tombo que se levou,
que pode ser bem medida
a altura a que se chegou.
Muita gente ao inimigo
perdoa o mal praticado,
tendo um só prazer consigo:
vê-lo a seus pés humilhado...
A prece é palavra oca,
não remedeia a aflição,
quando se tem Deus na boca,
sem o ter no coração!
Como crer nas belas frases
que amavelmente me atiras,
se as próprias juras que fazes
são todas lindas mentiras?
Sexo fraco... Uma ironia,
para quem sabe a rigor
como quebras, todo dia,
sólidas juras de amor...