MARIA TERESA GUIMARÃES NORONHA nasceu em Jaú/SP, no dia 04 de junho de 1924, filha do Dr. Djalma Guimarães e de D. Haydée de Toledo Guimarães. Estudou em Campinas, onde se formou em línguas neo-latinas. Casou-se com o Dr. Cornélio de Andrade Noronha. Radicou-se em São Paulo. Dedicou-se muito à literatura infantil, tendo lançado vários livros, entre eles, Férias em Xangri-lá, em 1973. Como trovadora, revelou-se uma das mais talentosas, com inúmeras composições em alto estilo.
Não sei que destino sigo,
se está longe, se está perto, (M. Honrosa Nova Friburgo 1980)
vou de mãos dadas contigo,
sentindo que o rumo é certo.
Andando sem rumo venho (M. Especial Nova Friburgo 1980)
e se a tristeza me assalta,
não perguntes o que tenho,
o que dói é o que me falta...
A mais triste, a mais sentida (Menção Honrosa em Niterói - 1990)
das descobertas, decerto,
é ver o encanto da vida
quando a morte já está perto...
Agora, que está faltando
teu amor, em que me amparo,
passo meus dias sonhando.
As noites, eu passo em claro...
Nossa ventura parece
ser impossível, meu bem.
Para você, amanhece.
Para mim, a noite vem...
Não fiquei desiludida
por não me amares também,
pois a gente, nesta vida,
só pode dar o que tem.
Viver assim não consigo,
morrer assim não desejo.
É dia se estou contigo,
é noite, se não te vejo...
Minha vida era tão doce,
pelo amor iluminada,
que a noite, se escura fosse,
seria noite estrelada...
Num dia assim, de repente,
eu te deixei, por meu mal.
Tudo agora é indiferente:
dia... noite... é tudo igual...
Meu amor tão grande era,
tão grande a minha alegria, (2º lugar São Paulo, 1964)
que eu vivia em primavera.
Era inverno, eu não sabia...
Do meu amor tendo medo
de falar-te, face a face,
eu te amaria em segredo,
se meu olhar não falasse...
Ao ver-te - que coisa rara! -
não sei o que sucedeu:
se a noite ficou mais clara
ou se o dia amanheceu...
Que noite feia! Ó tristeza,
ó solidão que não finda!
Vem meu amor, de surpresa:
de repente, a noite é linda!
Ao silêncio acostumada,
que tu me entendas espero.
Se a boca não disse nada
diz meu olhar que te quero.
O teu regresso ainda espero
e a espera não me desgosta.
Um canto de amor sincero
nunca fica sem resposta.
Foi numa noite funesta
que meu amor me deixou.
Longa, vazia como esta.
Triste, quieta, como eu sou...
Embora nunca me queixe,
eu faço um pedido breve:
à saudade - que me deixe;
ao meu amor - que me leve...
A minha afeição não meço
por palavras, que é tolice.
No meu silêncio confesso
todo amor que eu nunca disse...
Prometi que esqueceria
e vou cumprir, podes crer.
Se me lembrar algum dia
do que devia esquecer...
Tristeza, minha irmãzinha,
já sabes das minhas queixas.
Se o amor me deixou sozinha,
por que também não me deixas?
"Toda a vida - e a vida é pouca! -
noite e dia eu vou te amar."
Uma promessa tão louca!
E tão fácil de quebrar!...
Como o salgueiro tristonho
debruçado sobre as águas,
quero acordar do meu sonho
sem despertar minhas mágoas...
Eu ando sem esperanças
por minha vida deserta.
Tudo desperta lembranças,
tudo a saudade desperta.
A minha grande ansiedade
num dilema se revela:
viver com esta saudade,
ou morrer, por causa dela...
É negra, em contraste franco,
a solidão que deparo
nos dias, que passo em branco;
nas noites, que passo em claro...
Eu sei que é ilusão. Que importa!
Como parecem reais
os ecos na minha porta
dos passos que não vêm mais...
Dou adeus ao sol poente
e saúdo a lua nova.
Pego uma estrela fulgente,
prendo a noite em minha trova.
Aqui, nesta casa amiga,
a tua presença eu peço.
Por nossa amiade antiga.
(Pelo amor, que não confesso...)
Minha afeição, que começa,
se trai num olhar, na voz...
Preciso partir depressa,
pondo distância entre nós.
Nós dois juntos, frente a frente,
- lua no mar refletida -
tu ficas distante e ausente,
eu fico de amor perdida...
Confesso: jamais sentira
tanto amor a vida inteira!
Se teu afeto é mentira,
minha dor é verdadeira...
Quando de mim estás junto,
fico assim, como se vê:
a falar sem ter assunto,
a rir, sem saber de quê...
Eu fiquei assim tristonha,
pois sonhei que estavas perto.
É cruel para quem sonha
quando o sonho não dá certo...
Triste, sem tua presença,
como mudou nosso lar!
Ficou a saudade imensa
morando no teu lugar...
Hoje em teus olhos serenos
meu coração vê sinais
de que amas cada vez menos
quem te quer cada vez mais.
Dessas noites de alegria,
de luar, de serenatas,
tenho o amor que me inebria
e a saudade que me mata...
Culpa do amor mentiroso,
da promessa não cumprida,
brilhe embora o sol radioso,
é noite na minha vida...
Chegando de mãos vazias,
levaste meu coração.
Do nada que me trazias
nasceu esta solidão.
Teu amor não me socorre
porque nunca vais saber
que neste outono que morre
eu, de amor, posso morrer...
No outono, um amor tardio...
E sem saber o que faço,
meu coração eu te envio
neste olhar com que te abraço.
Há noites tão belas, calmas,
que estando tristes, a vê-las,
parece que as nossas almas
estão repletas de estrelas!
Por mais que a gente se iluda,
vivendo afastada assim,
a vida muda - ah! se muda... -
quando estás perto de mim.
Do rio as águas serenas
vão passando devagar.
E eu penso que as minhas penas,
como as águas, vão passar...
Por muito mal que o amor faça,
nunca deixemos de amar,
pois essa hora que passa
nunca mais torna a passar...
De lembrar-se não se prive,
meu coração angustiado.
Vive mais triste quem vive
sem lembrar de ter amado...
Só promessas, fingimento...
É vão o amor que persigo.
Tu me chamas... Num momento
tudo esqueço... e vou contigo.
Fiquemos juntos! Amemos!
E, quando formos velhinhos,
as flores que nós colhemos
serão mais do que os espinhos...