MÁRIO Rômulo LINHARES nasceu em Fortaleza, em 19 de agosto de 1889. Gostava de assinar seus poemas com pseudônimos femininos. Morou ainda em Recife, Belém, Salvador e Rio de Janeiro, onde faleceu, no dia 14 de dezembro de 1965, aos 76 anos. Crítico, ensaísta, historiador e genealogista,além de poeta. Seu primeiro livro foi em 1909: "Amor e Suicídio". Um dos últimos foi "Contas Sem Fio"-trovas. Era membro das Academias Carioca e Cearense de Letras.
É na ansiedade mais pura,
que rogo a Deus com firmeza
- Possa eu ter a sepultura
sob os céus de Fortaleza.
Só mesmo Deus sabe o custo
do resgate de uma dor,
principalmente se o justo
paga pelo pecador...
Só sabe da alma das cousas
quem desvendar o mistério
que há no silêncio das lousas,
no fundo do cemitério.
Maldito aquele que insulta
e ofende a mulher perdida,
sem saber a causa oculta
da sua queda na vida.
Por amar-te com loucura,
perdido agora me vejo,
como um beduíno à procura
da miragem do teu beijo...
Não há louvor que confira
merecimento a ninguém.
Como o despeito não tira
o valor de quem o tem.
No amor a mulher que mente
em tudo se contradiz:
- Sempre diz o que não sente
e o que sente nunca diz.
Saudade - sino que tange
dobrando triste a finados,
pela intérmina falange
dos meus sonhos dissipados...
Envelheçamos sorrindo,
cantando à luz vesperal,
gozando o prazer infindo
de nunca ter feito o mal.