MÁRIO AUGUSTO J. ZAMATARO – Curitiba/PR

Mário Zamataro é paranaense de Nova Esperança/PR, nascido em 28 de junho de 1961. Graduou-se em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Paraná em 1982.
É membro da UBT, seção de Curitiba e faz parte da nova geração de trovadores.

 
Tende a viver de amarguras,      (2º lugar – Caxias do Sul/RS – 2012)
como a raposa da lenda
quem acha as uvas maduras,
mas não colhe esta oferenda.
 
De amarga não basta a vida,
também quero o chimarrão
(e amigos com quem divida
o que vai no coração).
 
Carrinho de rolimã,
nas curvas do meu passado,
traz vontade temporã
de viver despenteado.

O tempo, em sua passagem,
deixa rastros de memória...
São vestígios da viagem
que compõe a nossa história.
 
A noite se chega, mansa...
- Vem disfarçada de Lua!
... e sorri para a criança
que ainda em mim se insinua.
 
Uma palavra me engasga,
outra palavra me assusta...
mas o silêncio me rasga
e aviva essa fome injusta!
 
Não há lágrima no pranto
“chorado” numa viola,
mas notas de um desencanto
que a lágrima não consola.
 
Por sujeito à dura lei,
pescador que sou de versos,
muitos deles encontrei
nos cardumes dos reversos.
 
Pra voltar a ser criança,
basta ser felicidade;
basta brincar de esperança;
e não dar bola pra idade!
 
O tempo não passa em vão...
O tempo constrói saudade
no curso de uma ilusão...
E volta, sem ter idade!
 
Delicada tatuagem,
em local bem escolhido,
traz o mapa da viagem
ao tesouro prometido!
 
A procura é uma constante,
um disfarce da ilusão...
Tesouro, mais que bastante,
é o que está no coração!
 
Meu sono fugiu de mim...
Passeio os olhos no breu
da noite que não tem fim...
Procuro-me, sim, sou eu!
 
O tempo medido em anos
não revela o relevante.
Melhor se contado em planos...
Fica mais interessante!
 
Se curvei, à sua ordem;
se perdi minha coragem;
se me pus entre os que mordem,
faço jus a uma homenagem?
 
Outro momento e mais um:
a sequência estabelece
se haverá ganho ou nenhum...
Esse é o tempo que acontece...
 
No buraco da memória,
cabe muita coisa dentro:
tantas cenas, tanta história...
e eu em quase todas entro!
 
Quem tem os olhos noturnos,
as sombras todas conhece;
perscruta mundos soturnos,
mesmo em dias de quermesse.
 
Tenho uma coisa a dizer
a você que não me entende:
ninguém tem nada a vender,
porém, todo mundo vende!
 
Nos versos que tenho feito,
lucidez, sonho ou loucura
dão temas para um sujeito
que faz da trova procura.
 
A linha esticada e tensa,
na conta era um peixe enorme,
mentira não se dispensa
e a história fica conforme.
 
Para escrever os sentidos,
companheiros da ilusão,
não servem versos contidos:
tem que abrir o coração! 
 
Se você mentiu pra mim,
que fazer? Aconteceu...
Vou comer do meu capim
e você coma do seu.
 
Toda coisa tem limite:
parafuso e até deboche!
Havendo graça que incite,
aperte, mas não arroche.
 
Quanto custa? - Perguntei.
E você me disse: um conto!
Não quis desconto e paguei.
Hoje sou dono do ponto!
 
- Quanto custa ser feliz?
- Não existe um preço justo -,
respondeu-lhe a meretriz,
apalpando o próprio busto...