PAULO MENOTTI DEL PICCHIA nasceu em São Paulo, em 20 de março de 1892, filho de Luiz del Picchia e Corina del Corso del Picchia. Tudo aconteceu muito rápido em sua vida. Bem jovem, morou em Itapira, Campinas e, depois, em Pouso Alegre onde, com apenas 14 anos, lançou o periódico "Mandu". Aos 16 já escrevera um romance e aos 21 publicou seu primeiro livro: "Poemas do Vício e da Virtude". Nesse mesmo ano formou-se advogado pela Faculdade de Direito de SP e retornou a Itapira. Participou do Movimento Modernista de 1922. Em 1943 assumiu a cadeira nº da Academia Brasileira de Letras. Em 1982 foi proclamado "Príncipe dos Poetas Brasileiros", na sequência de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano. Em 1988, no dia 23 de agosto, o poeta morreu em São Paulo.
Saudade - perfume triste
de uma flor que não se vê.
Culto que ainda persiste
num crente que já não crê...
Às vezes, também risonho,
um sonho minh'alma junca.
Corro doido atrás de um sonho,
sem poder tocá-lo nunca.
Que o amor é angústia enorme
sei porque amores já tive...
Quem tem amores não dorme,
mas quem não ama não vive!
Deixa esses modos tristonhos
e a febre que te incendeia...
Castelos feitos de sonhos
têm alicerces de areia.
Procuras, dentre os abrolhos,
ver o céu que astros povoaram.
Eu também procuro uns olhos
que nunca me procuraram...
Amei... Desventura minha!
Quis curar-me e piorei.
E aos tormentos que eu já tinha,
novos tormentos juntei!
Ventura... doida corrida
de uma folha sobre um veio.
Folha... esperança perdida
de um bem que nunca me veio.
Vês o rio? As águas tontas
cortam-nas seixos, mas brando,
por sobre um leito de pontas,
vai sofrendo e vai cantando.
Ao ver-te, remoço e venço
o ardor que o destino vário
põe entre este sonho imenso
e teu vulto imaginário...
OBS I: como inveterado criador de frases, uma particularmente curiosa: "O Corinthians é um fenômeno sociológico a ser estudado em profundidade."
OBS II = Menotti Del Picchia morava na Av. Brasil, 2.173, em São Paulo.