MÚSICA PARA VER E OUVIR (texto de Pedro Mello)
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Criada pelos italianos durante o Renascimento, a Ópera desde o início despertou paixões no continente europeu e no resto do mundo, chegando, inclusive, a conquistar os corações de compositores de diversos países, incluindo França, Alemanha, Espanha, República Tcheca, Rússia, Inglaterra, Estados Unidos, Brasil, entre outros.
No período barroco, a ópera alcançou uma grande popularidade nas cortes européias, tendo sido cultivada por notáveis compositores, tais como George Philipp Telemann (1681-1767), George Friedrich Häendel (1685-1759), Antonio Vivaldi (1678-1741), Henry Purcell (1659-1695) e Jean-Philippe Rameau (1682-1764).
Mesmo com a mudança dos tempos e dos gostos, a ópera continuou sendo cultivada ao longo dos séculos e alcançou seu apogeu nos séculos XVIII e XIX, através de nomes como Vincenzo Bellini (1801-1835), Gioacchino Rossini (1792-1868), Gaetano Donizetti (1797-1848), Giuseppe Verdi (1813-1901), Giacomo Puccini (1858-1924), Carl Maria Von Weber (1786-1826), Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Richard Wagner (1813-1883), Piotr Ilitch Tchaikowsky (1840-1893), Georges Bizet (1838-1875), só para citarmos alguns dos mais conhecidos.
Mas, afinal, de contas, o que é “Ópera”? Grosso modo, podemos defini-la como uma peça de teatro em que as falas são cantadas. Os cantores são classificados de acordo com seu timbre vocal. As vozes masculinas se classificam em tenor, barítono e baixo. As femininas classificam-se em soprano, mezzo-soprano e contralto. Os grandes heróis, como Radamés, de Aída, ou Calaf, de Turandot, são papéis de tenores. As donzelas, como Gilda, de Rigoletto, ou Ceci, de Il Guarany, são papéis de sopranos. Profetas e anciãos, como Zacharia, de Nabucco, ou Abimeleque, de Sansão e Dalila, são papéis de baixos.
No Brasil, a ópera demorou um pouco para chegar, mas logrou uma grande projeção. A primeira ópera composta e estreada em nosso país foi “I DUE GEMELLI”, do Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), mas não se tratava de uma ópera genuinamente brasileira; com o tempo, o texto da ópera acabou se perdendo. A primeira ópera, com texto em Língua Portuguesa, foi “A Noite de São João”, de Elias Álvares Lobo (1834-1901), estreada em 1860 e com libreto de José de Alencar.
Quem, todavia, alcançou projeção internacional, foi Antônio Carlos Gomes (1836-1896). Embora tenha composto parte da sua obra em italiano, num caso típico de cruzamento cultural, utilizou temas brasileiros em óperas como “O Guarani”, estreada em Milão, em 1870 e “Lo Schiavo”, estreada no Rio de Janeiro em 1887. Ainda que, com a Geração de 1922 e o Movimento Modernista o seu nome tenha caído num injusto ostracismo, é considerado o maior compositor das Américas do século XIX e faz falta para o Brasil do século XXI gravações integrais da sua obra.
Depois de Carlos Gomes, quem se destacou na ópera foram Alberto Nepomuceno (1864-1920), Francisco Mignone (1897-1986), Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) e, atualmente, em plena atividade, Jorge Antunes (1942), Ronaldo Miranda (1948) e o jovem maestro Sílvio Barbato.
A ópera é uma arte múltipla em si mesma – reúne música orquestral, vocal, teatro, artes visuais. Enfim, é um espetáculo magnífico – Música para ver e ouvir!