1861: Nasce João da Cruz, em Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina), a 24 de Novembro. Filho de Guilherme da Cruz, mestre pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, lavadeira, ambos negros e escravos, alforriados por seu senhor, o coronel Guilherme Xavier de Sousa. Do coronel, o menino João recebeu o último sobrenome e a proteção, tendo vivido em seu solar como filho de criação. - 1869: Aos oito anos, recita versos seus em homenagem a seu protetor, que voltava, promovido a marechal, da Guerra do Paraguai. No Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou até o fim de 1875, tendo aprendido francês, inglês, latim, grego, matemática e ciências naturais. O talentoso poeta deixou várias obras, entre elas "Últimos Sonetos", escrito em Paris em 1905. Faleceu de tuberculose em 19.03.1898 em Antonio Carlos/MG. Seus restos mortais foram sepultados no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio que leva o seu nome.
Tua boca, vivo cravo,
sanguíneo, purpúreo, ardente,
de certa forma tem travo,
embora veladamente.
Ah! tristeza imponderável,
abismo, mistério, aflito,
torturante, formidável...
ah! tristeza do Infinito!
Na copa dos arvoredos,
nas orvalhadas verduras,
há sonâmbulos segredos
e murmuradas ternuras.