Múcio Scévola Lopes Teixeira nasceu em Porto Alegre em 13.09.1858. Filho de Manuel Lopes Teixeira e Maria José Sampaio Teixeira. Cônsul do Brasil na Venezuela em 1889. Faleceu no RJ em 08.08.1926. Autor de muitos livros de poesias.
Só quem de tudo se prive
é que pode conceber
como vive quem não vive
com quem deseja viver...
Ninguém consegue medir
a grandeza clara e imensa
da coragem de servir
sem pensar em recompensa.
Mesmo em prosa que distrai,
criticar não vale a pena;
às vezes, a gente cai
naquilo que mais condena
Ante o chão amplo e fecundo
que nos guarda o teto e o pão,
qualquer queixa contra o mundo
é simples ingratidão.
Os olhos dos namorados
têm um certo não sei quê
que esconde com mil cuidados
o que todo mundo vê.
No coração de um amante,
por muito frio que faça,
há sempre calor bastante
para aquecer a desgraça!
A ventura é semelhante
às miragens do deserto.
Passa sempre tão distante,
parecendo estar tão perto!
Temos o mesmo destino,
por um desígnio do Além.
- Pelo que sofro, imagino
o quanto sofres também!
Se és para todos tão boa,
por que és má só para mim?
Olha que Deus não perdoa
a quem faz penar assim!
Quando entra a desconfiança
no fundo da alma ferida,
nunca mais a gente alcança
tranquilidade na vida!
Assim como eu te desejo,
pudesses tu me querer!
Vê bem que como eu te vejo,
ninguém mais te sabe ver!
Não beberei de hoje em diante,
porque, entre o lábio e a taça,
há sempre lugar bastante
para meter-se a desgraça.
Eu nunca pedi socorro
nem proteção a ninguém;
e se aos mais digo que morro,
só a ti digo por quem...