Editorial de março 2009

A TROVA E O FOLCLORE

     O inglês Willian John Toms, em 1846, usou pela primeira vez a palavra floclore (folk-povo/lore/-saber), ou seja, sabedoria popular. Segundo Walter Wey, a palavra folclore "serve para determinar a reunião das sobrevivências literárias do acervo popular, com o fim de conservar para a posteridade os exemplos do gênio coletivo e anônimo". O Saci Pererê, o Boto Rosa, a Mula sem Cabeça, o Negrinho do Pastoreio, fazem parte do nosso imaginário. Por outro lado, o folclore possui íntima ligação com a Trova. Basta dizer que, em fins do século XIX e princípio do século XX, houve um movimento no Brasil para coletar quadras e trovas folclóricas.

     Atualmente, o folclore não tem sido muito prestigiado. A última lembrança que tenho sobre o enfoque de tal tema é de 2004, quando a UBT / Manhumirim - MG promoveu um concurso de trovas sobre folclore. Cito, apenas, por falta de espaço, duas obras-primas do inesquecível WEaldir Neves:

Pesa-lhe a vida aos noventa...
Mas ele é "Rei" coroado.
E canta... E dança... E sustenta
a tradição do Congado.

Torés!... Quadrilhas!... Congados!...
Vocês nem sabem que estão
entre os mais caros guardados
do meu velho coração!...

     Espero que os trovadores voltem a sua atenção para tema cultural tão relevante, a fim de que possamos manter vivas as nossas tradições.

* LUIZ CARLOS ABRITTA - Presidente da UBT Estadual de Minas Gerais.