V CONCURSO DE TROVAS DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA/SP - 1995 ÂMBITO REGIONAL Tema: SONHO (L/F) VENCEDORES Cláudia Perina Ribeiro Zapparoli (São João da Boa Vista/SP) Esmeralda Peregrino de Moura (São João da Boa Vista/SP) Sieglind Cereja Fonseca (São João da Boa Vista/SP) MENÇÕES HONROSAS Leonello Palaia Júnior (São João da Boa Vista/SP) Marilene Ribeiro (São João da Boa Vista/SP) Nanci Aparecida Grama de Oliveira (Aguaí/SP) MENÇÕES ESPECIAIS Benedito Vasconcelos Filho (São João da Boa Vista/SP) David Ribeiro de Oliveira Santos (São João da Boa Vista/SP) Esmeralda Peregrino de Moura (São João da Boa Vista/SP) Luiz Antônio Pinto (São José do Rio Pardo/SP) Nanci Aparecida Grama de Oliveira (Aguaí/SP) Oswaldo Roberto (Espírito Santo do Pinhal/SP) ÂMBITO ESTADUAL (SP) Tema: CORAGEM (L/F) VENCEDORES Adélia Victória Ferreira (São Paulo) Cidoca da Silva Velho (São Luiz do Paraitinga) Domitilla Borges Beltrame (São Paulo) Héron Patrício (São Paulo) Sebas Sundfeld (Tambaú) Sebas Sundfeld (Tambaú) MENÇÕES HONROSAS Alba Christina Campos Netto (São Paulo) Darly O. Barros (São Paulo) Helvécio Barros (Bauru) Izo Goldman (São Paulo) João Elias dos Santos (São Paulo) MENÇÕES ESPECIAIS Antônio de Oliveira (São Paulo) Antônio de Oliveira (São Paulo) Branca Marilene Moura de Oliveira (Ribeirão Preto) Conchita Moutinho de Almeida (São Caetano do Sul) Eliana Dagmar (Amparo) Júlia Fernandes Heiman (Jundiaí) Lannoy Dorin (Jundiaí) Maria José Leal (Ribeirão Preto) Marina Bruna (São Paulo) Marina Bruna (São Paulo) Therezinha Dieguez Brisolla (São Paulo) Zaé Júnior (São Paulo) ÂMBITO NACIONAL/INTERNACIONAL Tema: RENÚNCIA (L/F) VENCEDORES Almerinda Liporage (Rio de Janeiro/RJ) José Antônio de Freitas (Pitangui/MG) José Tavares de Lima (Juiz de Fora/MG) Sérgio Bernardo (Nova Friburgo/RJ) Waldir Neves (Rio de Janeiro/RJ) MENÇÕES HONROSAS Aprygio Nogueira (Pouso Alegre/MG) Batista Soares (Fortaleza/CE) Edmar Japiasu Maia (Rio de Janeiro/RJ) Heloísa Zanconato Pinto (Juiz de Fora/MG) José Tavares de Lima (Juiz de Fora/MG) MENÇÕES ESPECIAIS Amália Max (Ponta Grossa/PR) Edmar Japiasu Maia (Rio de Janeiro/RJ) Heloísa Zanconato Pinto (Juiz de Fora/MG) José Maria Machado de Araújo (Rio de Janeiro/RJ) José Messias Braz (Pouso Alegre/MG) Leda Costa Lima (Fortaleza/CE) Marcelo Zanconato Pinto (Juiz de Fora/MG) Marcelo Zanconato Pinto (Juiz de Fora/MG) Ney Damasceno (Rio de Janeiro/RJ) Orlando Brito (São Luiz/MA) Waldir Neves (Rio de Janeiro/RJ) NOTA: CRÉDITO DA MATÉRIA AO PROF. PEDRO MELLO, DA UBT SÃO PAULO
Aguaí, Águas da Prata, Espírito Santo do Pinhal, Mococa,
São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo, Vargem Grande do Sul
Sonhar é como se livre,
caminhar ao sol, correr...
Assim mais feliz se vive,
assim se aprende a viver!
Ultrapassando meus sonhos,
conquistei realidades:
Em meus dias mais tristonhos
descobri lindas verdades.
Viver um sonho dourado
foi na vida o que eu mais quis.
Mas o destino malvado
tornou meu sonho infeliz.
Sonhamos a vida inteira
e, no final, acordamos
com a saudade matadeira
dos sonhos que não sonhamos!
Eu vivo do amor que vem
do que fica... do que vai...
Sonhos... venturas também,
três atos... o pano cai...
Coração bate silente
cá no peito dando um nó,
afogando o sonho ardente
de quem ama e vive só.
Nesta vida eu só errei,
vagando como ninguém,
com o impossível sonhei,
sonhar demais não faz bem.
Eu quero ser o teu sonho,
conquistar tua ternura,
assim até me proponho
a dar-te amor e ventura!
Noite de festa junina,
céu coalhado de balões.
Sonhei que inda era menina
me assustando com rojões...
É sonho do trovador:
seduzir reis e rainhas;
pintar universo e amor
em apenas quatro linhas.
O sonho é essa maneira
de poder realizar
o que nossa vida inteira
insiste em nos recusar.
Jamais acontece aos nobres,
nem é fato singular:
Deus doa a ricos e pobres
o direito de sonhar.
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A coragem é um segredo
que descobres de repente
quando, morrendo de medo,
só podes... seguir em frente!
Batalho, mas mil fracassos
me abatem, sempre, ao rever-te.
Como encontrar, em teus braços,
coragem para esquecer-te?
Vou carregar vida afora,
esta dor que mortifica,
por eu não ter tido agora
coragem de gritar: Fica!
Muitas vezes, a coragem
que, entre gritos se anuncia,
é uma rude maquiagem
que disfarça a covardia!
Vitórias cuja vantagem
a falsidade auxilia
são atos em que a coragem
não passa de covardia.
No amor, minha aprendizagem
com tantos erros se fez,
que não tenho mais coragem
de aprender tudo outra vez.
Nas cinzas do amor ardente,
onde a saudade se entulha,
a coragem, de repente,
dá um sopro e encontra a fagulha.
“Coragem”, brada o meu peito,
“não desistas de sonhar...
Se um novo sonho é desfeito,
põe outro no seu lugar...”
Minha coragem na luta
mais destemido me fez:
Mesmo perdendo a disputa,
tento lutar outra vez.
Coragem ou covardia...
Nem sempre temos a escolha...
O Destino é ventania,
e o vento é que leva a folha...
A coragem tira os medos,
quando teço sonhos vãos,
entrelaçando meus dedos
no tear das tuas mãos!
Seu olhar, desfeito em dor,
me dizia, quase mudo,
que a coragem para o amor
é coragem... para tudo!
Muita gente, sem coragem
de guiar os passos seus,
deixa a vida na garagem
pra pedir carona a Deus!
Quem batalha com coragem
no grande jogo da vida
tem quase sempre a vantagem
de não ser bola perdida.
Coragem! Mantenha a calma!
- o conselho dos mais sábios -
mas o pranto a escorrer na alma
molha o sorriso dos lábios.
Coragem mesmo, de fato,
encontro em cada Maria
que da prole, em raso prato,
mata a fome todo dia!
Não foi coragem, foi teste
e nota dez recebi,
quanto te disse inconteste:
Há muito eu já te esqueci!
Conhecer o próprio ser
é uma difícil viagem,
que só consegue fazer
os que têm muita coragem.
Basófias falam, não agem,
porque a sua intrepidez
sofre escassez de coragem
e excesso de estupidez.
É um herói todo escritor
que, de caneta na mão,
tem coragem de se opor
aos Regimes da Opressão.
Teu amor está acabado,
mas eu tento me iludir
e vou, sofrendo a teu lado,
sem coragem de partir...
Leio, de novo, a mensagem
onde pedes meu perdão...
Na razão, busco a coragem
e, desta vez, digo: “Não!”
Sem forças, mas com coragem
de continuar a jornada,
a vida é minha bagagem
que vou deixando na estrada!
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Pela “conversa” de amigo
e esse adeus dito com arte,
o que tu fazes comigo
não é renúncia, é descarte.
Santa renúncia: um mendigo,
vendo um guri com mais fome,
num gesto fraterno e amigo
dá-lhe o pão... e nada come!
Deixei-a partir... E o efeito
desta renúncia impulsiva,
foi que a saudade em meu peito
ganhou cadeira cativa!...
Errando as contas previstas,
chego a saldos desiguais:
- Foram bem poucas conquistas
para renúncias demais...
Diz-me a Razão: “Renuncia...
Essa paixão é um fracasso!”
E o que até louco faria,
louco de amor, eu não faço...
És a maior das mulheres,
quando a renúncia, querida,
te faz dizer que não queres
o que mais queres na vida!
De renúncias e fracassos,
sempre cheia, a minha vida
ora me leva nos braços,
ora me esquece à subida...
As renúncias são enormes,
quando nos falta o carinho...
- Durmo no leito em que dormes
e passo as noites sozinho!
Mais a dor se multiplica,
quando a renúncia subtrai
a metade de quem fica
da metade de quem vai!...
Renuncio, sem lamento,
a tudo o mais que eu possua;
menos àquele momento
em que me dizes: sou tua!...
Por mais que os fins sejam puros
renúncia tolhe horizontes:
É o mesmo que erigir muros
em vez de construir pontes!
Pelo amor que tanto almejo
e que a sorte não me deu,
não renuncio ao desejo
de ser um desejo teu...
Eu fico... e tu vais embora...
e o sonho se parte em dois.
Mas a renúncia de agora
trará venturas depois!
Fomos, no amor, tão mesquinhos,
que a renúncia, por maldade,
trocou os nossos caminhos
mas não trocou a saudade!...
Passarinhando ilusão,
pisei pomares tristonhos
e trouxe no coração
a renúncia dos meus sonhos.
Sei que és de outra. Respeito,
renuncio e me contento
em dar-me o livre direito
de ter-te... em meu pensamento!
Eu sonho... e o despertador
me obriga, quando amanhece,
a renunciar ao amor
de alguém que nem me conhece!
Pode a vida ser sofrida,
mas se a fé não for escassa,
ninguém renuncia à vida
por mais renúncias que faça!
Nos amores bem vividos
dois valores preponderam:
Os carinhos recebidos
e as renúncias que se deram...
Às vezes, em hora incerta,
mostra o homem seu valor,
quando a renúncia acoberta
um gesto heroico de amor.
Escravo quer liberdade!
- E eu fiz renúncia de amor...
(Vi, depois, preso à saudade,
que só troquei de feitor...)
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