Concurso de Trovas Clube Português SP 1996

CONCURSO INTERNACIONAL DE TROVAS DO CLUBE PORTUGUÊS / SP = 1996 (classificações por ordem alfabética)

TROVADORES PAULISTAS: “PONTE”

VENCEDORES

Quanta ponte se atravessa
para se ver, desolado,
que, o que mais nos interessa
perdeu-se lá, do outro lado...

O olhar do réu no horizonte,
pelos desvãos de uma grade,
é uma ave cruzando a ponte
entre a cela e a liberdade.
ADÉLIA VICTÓRIA FERREIRA – SP (duas)

O egoísmo é uma das falhas
que mais tolhem horizontes,
quando insiste em por muralhas
onde é preciso haver pontes!
ANTONIO DE OLIVEIRA – SP

No amor o que determina
sol ardente ou noite escura
é uma ponte pequenina
entre a razão e a loucura.
CAROLINA RAMOS – Santos

Sem mais o amor por escora,
sem outra sustentação,
da ponte que havia outrora,
entre nós, só resta um vão...
DARLY O. BARROS – SP

Afastadas, nossas vidas
de unidas não têm mais nada:
são pilastras corroídas
de uma ponte desabada...
DIVENEI BOSELI – SP

Que bela seria a vida
se acima de ódios mortais,
uma ponte fosse erguida
unindo margens rivais!
DOROTHY JANSSON MORETTI – Sorocaba

Renúncia, uma ponte estreita
onde, nas extremidades,
pode-se ver sempre à espreita,
chorando, duas saudades!...
ERCY Mª MARQUES DE FARIA – Bauru

Entre o meu e o te caminho
o amor é ponte segura
que tem vigas de carinho
e pilastras de ternura...
HÉRON PATRÍCIO – SP

Saudade, és tempo-distância,
ponte feita de meiguice
unindo os sonhos da infância
às lembranças da velhice...
JOSÉ VALDEZ C. MOURA – Pindamonhangaba

Meu coração destroçado,
que a vida tratou sem pena,
não pode ser restaurado
nem com pontes de safena.
MARIA HELENA CALAZANS M. DUARTE – SP

Ante um berço, comovida,
e no adeus dos cemitérios,
fui aprendendo que a vida
é ponte entre dois mistérios...
MARINA BRUNA - SP

Esta saudade aumentando
e às vezes me confundindo:
é ponte nos separando
ou é ponte nos unindo?
MARTA Mª O. PAES DE BARROS – SP

Não faças do teu conceito
território demarcado;
cruza a ponte, em teu proveito,
vai conhecer o outro lado!
PEDRO ORNELLAS – SP

A vida, por brincadeira
ou distração, faz da gente
velha ponte de madeira
sempre à mercê de uma enchente!
THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA – SP

Pára a chuva... e no horizonte,
luzindo ao sol, na distância,
o arco-íris é a minha ponte,
por onde eu retorno à infância!
ZAÉ JUNIOR - SP

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TROVADORES DE PORTUGAL: “VINHO”

VENCEDORES

Passa o rio... e a lavadeira,
ajoelhada em seu fervor,
cantando, junta à canseira,
bonitos versos de amor!
ARTUR CÉSAR VALE REGO – Porto

Irrompendo como um rio
ao mundo viemos nós;
água é vida, vida é fio
que só se quebra na foz...
DOMINGOS FREIRE CARDOSO – Porto

Minhas lágrimas em fio
por teres partido, amor,
tornaram pequeno o rio
onde afoguei minha dor!...
ELISA DA C. SILVA MAÇANITA – Portimão

Se te apressas é teu mal,
ó rio de águas serenas:
entre margens és caudal,
no Mar, uma gota apenas!
MARIA AMÉLIA PINTO C. ALMEIDA - Lisboa

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TROVADORES DEMAIS ESTADOS: “VINHO”

VENCEDORES

Do nosso encontro final
regado a vinho do bom,
só deixaste de real
a gorjeta do garçom.

Movido a fé e carinho
nosso amor que é eterna festa,
multiplica o pão e o vinho
da nossa ceia modesta!
ALMERINDA LIPORAGE – RIO (duas)

Neste encontro inesperado,
vamos brindar a nós dois!
Primeiro, o beijo guardado...
O vinho eu peço depois!
ALMIRA GUARACY REBELO – BH

A saudade, às vezes, traz
contrastes deste teor:
- vinho amargo que se faz
das uvas doces do amor!

Saudade é taça partida...
É vinho seco no chão...
É um gosto amargo de vida
na boca da solidão!
ARLINDO TADEU HAGEN – J. de Fora (duas)

Desprezado, sem carinho,
busquei cantinas, adegas,
sem nunca provar o vinho
dos beijos que tu me negas.
DORALICE GOMES DA ROSA – Porto Alegre

Do amor, ao fim dos litígios,
no lençol em desalinho,
restaram nossos vestígios
e duas taças de vinho...
EDMAR JAPIASSÚ MAIA – RIO

Faze tontas as cabeças
e febris os corações,
mas, paixão, não envelheças
o vinho das ilusões!
EDUARDO TOLEDO – Pouso Alegre

Sinto que chegas... me abraças...
porém tu finges... sem dó...
e a Saudade brinda as taças
do vinho que eu bebo só...
EUGÊNIA MARIA RODRIGUES – Rio Novo

Após os brindes trocados,
partiste... e ao me ver sozinho,
beijei-te os lábios marcados
naquela taça de vinho!

Quanto mais sou maltratada,
mais, dos Céus, eu me avizinho,
lembrando a uva esmagada
que ao sangrar produz bom vinho!
HELOISA ZANCONATO – Juiz de Fora (duas)

Depois de sorver do vinho
do nosso amor... à vontade,
sem você, curto, sozinho,
a ressaca da saudade!...
JOÃO FREIRE FILHO – RIO

Sem teu amor e carinho
brindo à ausência da ilusão...
Neste cálice de vinho
com sabor... de solidão!

Naquela taça de vinho,
no armário dos sonhos meus,
tu me deixaste um restinho
do gosto amargo.. do adeus!
MARIA LÚCIA DALOCE – Bandeirantes (duas)

Solidários nas desgraças
dos males que não têm cura,
os olhos servem de taças
para o vinho da amargura!...
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO – RIO

O velho mar sente o cheiro
e redobra o seu carinho,
ao perceber que o cargueiro
está transportando vinho!
NEIDE ROCHA PORTUGAL – Bandeirantes

O Sol rouba de mansinho
o vento, o sereno e a chuva,
mas, nos devolve no vinho,
dourando os cachos de uva.

As dornas enfileiradas
do bom vinho português,
são almas acorrentadas
na mais santa embriaguez!
NEWTON MEYER – Pouso Alegre (duas)

São barris de bojo largo
as lembranças de erros vis,
e o remorso é o vinho amargo
que transborda dos barris...
SÉRGIO BERNARDO – Nova Friburgo

Na taça um vinho rosê...
Na sala as nossas lembranças...
Eu brindo nem sei nem sei por quê,
e me embriago de esperanças!
VERA MARIA LIMA BASTOS– Juiz de Fora
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NOTA = CRÉDITO DA MATÉRIA À MAGNÍFICA TROVADORA THEREZINHA DIEGUEZ BRISOLLA, DA UBT SÃO PAULO.