JOAQUIM VICENTE GUEDES ou, simplesmente, J. Guedes, filho de de Antonio Leocádio Guedes e de D. Ana Vitória Guedes, nasceu em Juiz de Fora, a 26 de fevereiro de 1913 e faleceu na mesma cidade em 06 de outubro de 1972. Era casado com D. Maria Adelina Mansoldo Guedes. Jornalista, radialista, compositor musical, foi também Vereador juizforano por três legislaturas e aposentou-se pela Rede Ferroviária Federal.
Alta noite, em horas mortas,
sinto o frio da ilusão.
- É o vento chorando às portas
do solar da solidão.
As mágoas que a gente chora
são pequenas, quase nada;
a nossa alma é que se arvora
em se julgar mal amada.
Teus ciúmes! Teus ciúmes!
Vão falar muito depois:
- Essa faca de dois gumes
retalhou o amor dos dois.
Não quero a casa do rico,
dono de tudo sozinho,
pois a migalha do bico
faz a riqueza do ninho.
Juntamos nossos farrapos
naquele rancho sem flor.
Era a miséria dos trapos,
junto à fartura do amor.
Esses teus olhos, menina,
são estrelas luzidias,
são os faróis de neblina
na cerração dos meus dias.
Nosso destino é um só,
do fato ninguém discorda:
tu és a corda do nó,
eu sou o nó dessa corda.
Na solidão do convento,
nos corredores compridos,
escuto o grito do vento
chamando os sonhos perdidos.
Na solidão do meu quarto,
olhando as tábuas do teto,
na vida sinto-me farto
dessa miséria de afeto.
A vida vai se compondo
de bons momentos vividos.
- Acordes nós vamos pondo
na orquestração dos sentidos.
Ser contra o racismo é sina
da mulher do Zé Pintor:
com o marido ela combina,
tendo um filho em cada cor!