JÚLIO Barbosa Lima de Queiroz Ferreira Mendes MACIEL
nasceu em Baturité/CE, aos 28 de abril de 1888, filho de Raimundo Ferreira Maciel e Emília Barbosa Maciel. Formou-se em Direito no Rio e foi Promotor e Juiz de Direito em várias comarcas. Ocupou a cadeira nº 24 da Academia Cearense de Letras. Em 1925, participou da eleição do jornal O Povo, para escolher o primeiro Príncipe dos Poetas Cearenses, mas foi derrotado pelo Padre Antonio Tomás.Autor de vários livros, entre eles: "Fortaleza"-1937, "Poemas da Solidão"-1943 e "ABC do Padre Cícero". Morreu em Fortaleza, às 19,40hs, do dia 08 de fevereiro de 1967.
Ai, pobres mães sertanejas,
choram tanto, choram tanto!
Sertão, por que não vicejas
com estas fontes de pranto?!
Guardo, quase satisfeito,
as velhas mágoas e as novas:
- Se já não cabem no peito,
- transformo-as todas em trovas.
És a imagem, pobre duna,
da minha felicidade,
que o vento mau da fortuna
faz e desfaz à vontade.
Coração desnudo e agreste,
o teu mal de ti provém:
tantos amores tiveste
que já não amas ninguém.
Por mais que o negue ou disfarce,
quando teu vulto aparece,
sinto minha alma ajoelhar-se
e ouço murmúrios de prece...
Com o pouco estou contentado,
não gosto de maldizer.
Mas, vida, o que me tens dado,
são migalhas de prazer.
Vida, aos outros dás a rosa,
e a mim o espinho pungente.
Só a morte é generosa,
que a todos quer igualmente.
Relógio mudo, parado,
que tens, que dormes e sonhas?
- Parei de todo, cansado
de marcar horas tristonhas.