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E ASSIM VIREI A. A. DE ASSIS...
Eu tinha 16 anos de idade. A poucos metros de nossa casa, em São Fidélis-RJ, havia uma gráfica onde se imprimia O Fidelense (“um hebdomadário independente a serviço da coletividade”). O jornal pertencia ao deputado Gouveia de Abreu (Doutor Dó), mas quem o dirigia era o Doutor Jacy Seixas. O impressor era o Fidélis Subieta. Um dia criei coragem, escrevi um artigo e levei lá. Disse ao impressor: “Peça ao Doutor Jacy que dê uma olhada e veja se dá para publicar”.
Não falei a mais ninguém sobre o tal escrito. No domingo seguinte, fui logo cedinho comprar o jornal... Tremi nas pernas: lá estava, ainda com aquele delicioso cheirinho de tinta, o texto que inaugurava minha vida de jornalista. Estranhei, porém, um detalhe: em vez de Antonio Augusto de Assis, como assinei no original, o nome que saiu embaixo do título foi A. A. de Assis.
Na segunda-feira perguntei ao Subieta o que acontecera. Fácil de entender: naquela época as gráficas trabalhavam com tipos móveis. Cada fonte de tipos ficava numa caixa e o tipógrafo ia catando letra por letra para compor a matéria. E havia o costume de escrever os nomes dos autores de artigos utilizando os tipos chamados “itálicos”, aqueles inclinadinhos. Deu-se, todavia, que a caixa de itálicos estava desfalcada, faltando a letra “t”, daí a impossibilidade de escrever tanto Antonio quanto Augusto.
E foi assim que, por conta e arte desse genial tipógrafo, virei A. A. de Assis.
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NOTA = o texto nos foi enviado pelo próprio autor, em 06.07.2010.