JOSÉ COELHO DE BABO nasceu na Quinta do Cedro, em Penafiel, Portugal, no dia 28 de janeiro de 1910, filho de Manuel Coelho Dias e Francisca Rosa. Veio para o Brasil ainda adolescente. Inicialmente morou em Niterói e, depois, estabeleceu-se em Nova Friburgo. Falecido em 1986.
Nas obras que se encadeiam (Menção Honrosa em Niterói - 1978)
em benefício da Paz,
bendigo as mãos que as semeiam
nos sulcos que a guerra faz!
É tão meiga e delicada
e tem um perfil tão lindo,
que mesmo estando zangada
parece que está sorrindo!
Eu quero rir e não posso,
a tristeza não me deixa!
Se num sorriso eu me adoço,
minha alma logo se queixa!
O nosso destino até
com nomes faz ironia:
ela é Maria José,
e eu sou José... sem Maria!
São dois os motivos sérios
dos meus receios e medos:
a Noite com seus mistérios
e a Mulher com seus segredos.
Sempre que um lobo se empenha
em mostrar que tem razão,
não há cordeiro que tenha
coragem de dizer não!
Tem cuidado, não mei iludas
quando me beijas sorrindo:
não vás fazer como Judas,
que foi beijando e traindo...
Da mulher, não vou falar
nada do que aconteceu...
- Ela pode se zangar,
depois quem perde sou eu!...
José na cama se deita.
De uma gota ele sofria.
Chama um doutor, que receita
sessenta gotas por dia!
Se não caso, sou um tolo,
pois de casar bem preciso!...
Mas, no caso, é meu consolo
ser um tolo de juízo!
Maria namoradeira
da fonte do amor se agrada:
Foi lá de moringa inteira,
voltou com ela quebrada!
Minha sogra tem contado
segredos a vida inteira,
sem dizer que eu sou casado
com filha de mãe solteira!
Ao telefone agarrado,
sem nada dizer sequer.
- Por que estás tu tão calado?
- Falo com minha mulher...
No ciúme só se enleia
quem gostar de mulher bela;
quem casar com mulher feia
não terá ciúmes dela!
Santo Antonio se benzia,
pensando, sem dizer nada:
- Três filhos já tem Maria!
E ainda não é casada!...