Adélia Victória Ferreira

ADÉLIA VICTÓRIA FERREIRA, nascida em Sete Barras-SP, aos 17 anos e residindo em Mairinque-SP, fugiu de casa tendo apenas o 1º grau escolar, pelo desejo de estudar, com o que o pai não concordava. Tabelião, ele a queria no cartório, trabalhando a seu lado. Sem auxílio de quem quer que fosse, venceu pela pertinácia. Bacharelou-se em direito pela USP, num dos primeiros lugares e ganhou bolsa de estudos de 3 meses na Alemanha, conhecendo a França, a Tchecoslováquia e a Rússia, tendo dançado dentro do Kremlim. Em 1969, conheceu vários países numa volta ao mundo. Trabalhou na Aeronáutica e no Jockey Club de São Paulo, como Secretária da Diretoria, e ainda fazia Faculdade e trabalhava em 4 canais de TV: Paulista (hoje Globo), Tupi, Record e Cultura. Estreou em A Bela e a Fera, com Dionísio Azevedo. Apenas ao se aposentar dedicou-se à Poesia que amava desde a infância. Presidente da Casa do Poeta de São Paulo, por 4 mandatos, Diretora do Jornal Fanal por 9 anos, ao conhecer Izo Goldman, em 1980, estendeu seu amor pelo soneto, também à trova.  Publicou os livros "Cantos de Amor à Vida" (1978), "Catálise" (Poesias e Trovas, 1985) e "Poesias ao Sol" (1985), entre outros, este em parceria com Hélio José Destro. Figura em muitas antologias Poéticas, mensários e jornais. Pertence a várias Academias e entidades culturais, no Brasil e no exterior.

(OBS: dados extraídos do livro do Concurso de Barra do Piraí de 1994)


Se te vais, por gentileza,
deixa a porta sem trancar.
Não me roubes a certeza       (1º lugar Nova Friburgo 2002)
de que um dia irás voltar!

O iludido não se cansa
de aceitar gostosamente,
os convites da esperança,
mesmo ao saber que ela mente...

No entrechocar das espadas,
que a ambição maneja a fundo,
como esperar alvoradas,
se a luz é expulsa do mundo?

O sol, filetando o olhar,      (M. Especial São Paulo 1986)
pelo arvoredo introduz
agulhas para bordar
bailados de sombra e luz.

Se os meus juízes confundo
com falsa argumentação,
recebo o perdão do mundo,
mas não meu próprio perdão.               

 Sol e sombra na floresta
e uma brisa, erguendo a mão,
rege os compassos da festa
de sombra e luz, pelo chão.

 0 grande, na trajetória
que palmilha passo a passo,
recebe em silêncio a glória
como recebe o fracasso.               

Lago imóvel, preguiçoso,
que se espera repousante,
sempre é um sonho enganoso
que só na perda é constante.