MURILLO ARAÚJO nasceu em Serro Frio/MG, a 26 de outubro de 1894. Foi advogado, funcionário do antigo Ministério da Viação. Muitos livros publicados, entre eles: "Carrilhões", "Árias de Muito Longe" e "As Sete Dores do Céu". Mesmo tendo sido destacado componente do movimento de renovação literária de 1922, sempre cultivou a Trova com raro talento, conforme modelos a seguir:
Vida - seres e paisagens -
afinal - meu Deus! - que são?
- Simples procissão de imagens,
que se esvai na cerração.
Que mar de paixões cruciantes,
que céu de felicidade
houve nesse amor de instantes,
que conteve a eternidade!
Os raros, grandes amores
que não puderam durar
são mais estrelas que flores:
nunca poderão murchar.
Para aumentar o flagelo
de nosso destino triste,
parece o belo mais belo
quando já não mais existe.
Quando ris - um passarinho
sai cantando do teu riso,
para mostrar-me o caminho
que conduz ao Paraíso.
Quatro linhas de uma pena,
quatro penas de uma prece...
e nasce a trova serena
que se ouve e não mais se esquece.
As águas cantam: - Corremos
e as horas correndo vão...
- Amemos, Amor! Amemos,
que as horas não voltarão.
Possam ser nossos amores
a soma sem divisão...
e enfim felizes fatores
para a multiplicação!
A rara, a única, a eleita
que toda a vida busquei,
era - meu Deus! - tão perfeita
que eu afinal não a achei.
A Paz, a Glória, a Alegria
tentei em vão desposar.
Tu só, divina Poesia,
tinhas que ser o meu par.