EDIGAR DE ALENCAR, musicólogo, jornalista, poeta e teatrólogo. Nasceu em 06/11/1901 na cidade de Fortaleza-CE , filho de João de Alencar Araripe e Antonia de Faria Ramos, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ em 24/04/1993. No Rio, para onde foi, em 1926, inicialmente dedicou-se ao comércio. Dos vários livros lançados, o primeiro deles (1932) foi "Carnaúba"-poesias.
Viver sem amor, bobagem,
é como missa sem vinho, (I Florais Nova Friburgo - 1960)
capelinha sem imagem
e mato sem passarinho.
Queres partir? Sê feliz!
Porém te digo, sincero:
ninguém te quer como eu quis,
ninguém te quis como eu quero!...
Estivesses tu ao lado
de Adão naquela manhã,
e ele teria pecado
sem serpente e sem maçã.
Garota que enxergas pouco,
tão forte é tua miopia,
que não vês que eu ando louco
para servir de teu guia...
De te esperar tanto, tanto,
me sinto cansado à beça!
Minha filha, eu não sou santo,
para viver de promessa...
És frágil porque és mulher,
mas sou contigo sincero:
todo o mal que eu te fizer
é pelo bem que te quero.
Na minha vida incolor,
teu sorriso de alvorada
parece um despertador
vibrando na madrugada!
Ao te beijar, minha amada,
só me parece, eu te juro,
que estou dando uma dentada
num sapoti bem maduro!
Ai, este amor impossível!
Exclamas, triste, porém
não há amor impossível
quando os dois se querem bem.