Assis: vida, verso e prosa!

ASSIS: VIDA, VERSO E PROSA!

     Uma das agradáveis novidades para 2011, em lançamento de livros, é "Vida, Verso e Prosa", uma belíssima obra de rico acabamento, em 212 páginas, com 145 ilustrações fotográficas,  produzida pela EDUEM - Editora da Universidade Estadual de Maringá. Assim, o querido amigo Antonio Augusto de Assis, filho de Pedro Gomes de Assis e Maria Ângela Guimarães de Assis, nascido fidelense, que foi campista,  friburguense e bauruense por um certo tempo, e naturalizado maringaense por todo o sempre, realiza aquele que é o maior sonho de todos que passam a vida escrevendo: editar um livro autobiográfico.     

     Com prefácio de Jeanette Monteiro De Cnop e "orelhas" de Olga Agulhon e Eliana Palma, nele Assis se expõe por inteiro, dividindo sua intimidade - recheada de lutas, muitas conquistas e algumas poucas decepções - com todos os que têm, ou terão, o privilégio de degustar esta saborosa iguaria literária.

     Dividida em cinco partes, a primeira delas, intitulada "VIDA", que vai até a página 84, mostra-nos aquele Assis que poucos conhecem: suas origens, sua infância, os amigos, o trabalho...Já na apresentação o autor se identifica: "Antonio Augusto de Assis de batismo. Para os amigos, A.A. de Assis ou simplesmente Assis. Para os de casa e os amigos de infância, Guto ou Gutinho. Nasci nas montanhas da Bela Joana, em São Fidélis, estado do Rio de Janeiro, no dia 07 de abril de 1933".

     E descobrimos, surpreendentemente, que, a partir do livro "Genealogia Mineira", de autoria de "um primo nosso, Arthur Vieira Resende Silva", Pedro Gomes de Assis (pai do nosso herói A.A. de Assis) era filho do mineiro Gomes Augusto de Assis (que se transferiu para São Fidélis) e que, por sua vez, era filho caçula de Maria Augusta da Silva.  Maria Augusta, por sua vez, era filha de Eufrásia Maria da Assumpção, que era irmã de Joaquim José da Silva Xavier, o Mártir Tiradentes. O que implica dizer que Tiradentes é tio, em 4º grau, do Assis que nós conhecemos. Gente, isso é História!

     Sessenta e seis fotografias ilustram essa primeira parte. No segundo tomo, que vai da página 85 até a 114, contos e crônicas revelam o lado "prosador" do focalizado. Da Página 115 à 132, encontra-se o registro do trabalho que certamente imortalizará A.A. de Assis nos anais da Trova e da nossa Literatura: a tradicional "Missa em Trovas", de sua autoria, que foi celebrada pela primeira vez em abril de 1970, na Catedral-Basílica de Nossa Senhora da Glória, em Maringá, como ato de abertura do II Festival Brasileiro de Trovadores. A partir daí, passou a compor a programação de numerosos eventos literários relacionados com a Trova, em todo o Brasil.    

     A quarta parte da obra mostra o Assis poeta, por todos os seus ângulos, numa variedade de gêneros e cores que impressionam: entre as páginas 135 e 191 desfilam micropoemas, ludogramas, sonetos, além de 88 haicais (que ele chama de "triversos") e 126 trovas, desde as mais nostálgicas e tradicionais, até as mais modernas e arrojadas, numa tentativa (eu diria que, mais do que tentativa, uma necessidade) de modernizar a roupagem da Trova, para conquistar o jovem e, assim, garantir a indispensável reciclagem humana, sem o que nenhum movimento se consolida definitivamente.

     Com a Internet invadindo e dominando tudo, também a trova se ressente desse impulso. Eis um exemplo dessa tentativa "assisiana" de modernização:

Amigo/amiga, reparto
este espanto com você:
- o parto não é mais parto;
é download de bebê...

     Ou então:

Fez-se o casório... no entanto,
o noivo não tinha o dom...
Por vingança, a noiva, em pranto,
foi reclamar no Procon!

     E completa o seu brilhante passeio autobiográfico com "Memória Fotográfica", onde são inseridas mais 79 ilustrações de históricas cenas familiares, ou em meio aos membros da Academia de Letras de Maringá, da qual ele é cofundador e titular da cadeira nº 27, ou entre trovadores: um pequeno-grande mundo que ele foi incorporando inexoravelmente ao seu cotidiano, a ponto de tornarem-se um só universo. Entre fotos antigas e recentes, Assis aparece abraçado a Eno Wanke, Luiz Otávio, J.G., Aparício, Maria Nascimento, Gislaine Canales, Rodolpho Abbud, Kleber Leite, Newton Meyer e tantos outros...

     O autor diz, ainda: "Publiquei diversos livrinhos e muitos outros escritos em jornais e revistas, e agora, com especial carinho, ofereço-lhes, num livro maior, um pouco de mim mesmo e uma amostra do que tenho produzido em prosa e verso".  

     E nós lhe agradecemos, Assis, do fundo do coração, por abrir as portas de seu castelo e nos permitir passear por seu reino encantado, desfrutando cada momento e cada imagem como se fosse (e é) o mais sagrado dos incensos, o mais aromático dos jardins! Repito, ao final destas palavras, a mesma trova que lhe dediquei no dia 03 de setembro de 2002:

Francisco... ou Antonio Augusto...
Na grandeza de ideais,
eu posso dizer, sem susto,
que os dois "de Assis" são iguais!

                              Em 28 de fevereiro de 2011,

                                    JOSÉ OUVERNEY