JACINTO DE CAMPOS, pertencente a uma família de poetas/trovadores, nasceu em Canavieiras, Bahia, em 07 de junho de 1900. Era irmão de Astério de Campos e Sabino de Campos e pai do famoso Onildo de Campos. Publicou, em 1956, um livro de poemas: "Penumbras e Clarões". Também residia no Rio de Janeiro.
A sorte sempre se atrasa
quando busca o meu caminho...
Erra, depois, minha casa;
entra em casa do vizinho...
Deixa o egoísmo profundo!
Esta é a voz das profecias!
Todo mundo deixa o mundo,
mas vai com as mãos vazias!...
Minha filha, honra teu pai:
- Um grande amor que te resta...
Vê que o ipê, quando cai,
faz grande falta à floresta!
A saudade em nossa vida
dilacera o coração!
Mas... não dói como a ferida
da palavra Ingratidão!
O coração desprezado
pelo amor que lhe convém,
é relógio complicado:
nunca mais regula bem.
Buscando felicidades,
não me sobra coisa alguma...
Mas, recontando saudades,
o meu pranto se avoluma.
Do teu amor, que se escombra,
eu sinto, à noite, surpreso,
que a sombra que mais me assombra
é a sombra do teu desprezo...
A vida começa cedo,
mas a Morte, essa covarde,
ninguém lhe sabe o segredo:
se chega ela cedo ou tarde...
Nas alcovas de veludo
a Vida é doce alvorada...
Mas, tudo é sombra de tudo;
a Vida não vale nada!