LUDGERO C. NOGUEIRA nasceu em Juiz de Fora, tradicional reduto e trovadores. Também foi jogador de futebol e compositor de música popular brasileira. Um mal irreversível causou-lhe paralisia e cegueira. Foi quando voltou-se para a Trova. Há uma rua com seu nome, no bairro Vila Alpina.
Não maldigo meus abrolhos,
nem a falta da visão:
- O que não vejo com os olhos,
eu vejo com o coração.
Neste meu diário, marco
o que já fui, não sou mais.
- Hoje não passo de um barco
encostado em velho cais.
Como pétala caída,
que o vento leva sem dó,
vagueio dentro da vida,
cheio de mágoa e tão só.
Não sei de onde você veio,
tão perversa e desigual...
Até meu pombo correio
procurou novo pombal!
Você que faz tanto alarde
dessa beleza que tem,
perceberá, muito tarde,
que as flores murcham também...
Cupido, moleque arteiro,
que faz ponto no jardim,
apesar de bom flecheiro,
jamais acertou em mim.
Confesso que, do estribilho
de seu cantar, estou farto...
Estou falando de um rilo
que fez morada em meu quarto.