Emílio de Meneses, jornalista e poeta, nasceu em Curitiba, PR, em 4 de julho de 1866. Indo para o Rio aos 18 anos, lá se casou. Uma vida cheia de aventuras e contradições. Boêmio, figura irreverente, mordaz. A tal ponto que, em tendo sido eleito em 1914 para ocupar a cadeira nº da Academia Brasileira de Letras, teve seu discurso de posse censurado. E não aceitou fazer as emendas. Morreu quatro anos depois, sem chegar a tomar posse. Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de junho de 1918.
Verdade clara e sabida,
que muita encrenca nos poupa:
nem a roupa mostra a vida,
nem a vida mostra a roupa.
Estranha contradição
que a Terra vira e revira:
muita mentira é paixão,
muita paixão é mentira.
A laranja é fruta fraca,
bem mais fraca do que a canja,
mas em dia de ressaca
até Deus chupa laranja.
Morreu depois de uma sova,
e, como não tinha campa,
de uma orelha fez a cova
e da outra fez a tampa.
Quando ele se achou sozinho,
da cova na escuridão,
surrupiou de mansinho
os dourados do caixão...