VIRGÍLIO MOREIRA nasceu em Campo Largo/PR no dia 26 de junho de 1900, filho de Joaquim Antonio Moreira e Luiza Soares Moreira. Aos 38 anos mudou-se para Irati, onde morou por muito tempo. Chegou a ser o Vice-Prefeito da cidade. Publicou "Cantigas do Meu Outono"-poemas, "Meu Coração"-trovas, sonetos e poemas, "Meu Rosário de Ternura"-trovas e vários outros livros. Muito tempo depois transferiu domicílio para Curitiba.
Saudade - enlevo e agasalho
que a nossa mente procura,
por ser o último retalho
do vestido da Ventura!
Mesmo nas horas de tédio
ou de cruéis amargores,
ninguém resiste ao assédio
de dois olhos sonhadores.
Se a tristeza, enfim, consiste
na falta de um bem qualquer,
das tristezas é a mais triste
não ser mãe, sendo mulher!
A esperança também gera
o mal que a saudade tem,
quando a gente vive à espera
do sonho que nunca vem...
Tem persistência notória,
quem, num verso tão pequeno,
pode enfeixar toda história
do sofrimento terreno!...
A saudade, quando, aflita,
reconstitui as quimeras,
é viola que ressuscita
as cantigas de outras eras.
Tudo passa mas a infância,
por ser a quadra primeira,
vence conosco a distância,
colorindo a vida inteira...
Querer, na vida, as estradas
cheias de luzes e flores,
é por cortinas rendadas
sobre as janelas das dores!
Quem teve o punho suspenso,
por só crer no bem sonhado,
ficou sacudindo o lenço
no meio do descampado...
Vergado pelos cansaços
das lutas, vou, como Jó,
deixando atrás dos meus passos
gotas de sonho no pó!...