Ivo dos Santos Castro - RJ

     IVO DOS SANTOS CASTRO  nasceu em Alberto Torres/RJ, no dia 03 de junho de 1917, filho de Ângelo dos Santos Castro e Perpétua Ignácio de Castro. Passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Segundo Carolina Ramos, Ivo publicou, em 1961, o livro de trovas "Meus Rabiscos".

Vencendo o tempo e a distância     (M.Honrosa Garibaldi - 2002)
num clima de eternidade,
os natais de minha infância
permanecem na saudade.

O céu, com gaze de bruma,
veste a tarde. O sol desmaia.         (M. Especial Niterói - 2002)
E o mar, em rendas de espuma,
envolve a nudez da praia.

Atrás de um sonho se corre
com ousadia e vigor.
-- E o sonho somente morre     (Venc. Niterói 2001)
quando morre o sonhador!

Fiz de uma trova mensagem    (M. Especial Rio de Janeiro - 2000)
para expressar alegria,
mas faltou-lhe a tua imagem,
e a trova ficou vazia.

No fulgor da falsidade              (M. Honrosa Pinda - 1999)
fosca verdade prefira:
mais brilho tem a verdade
que a falsa luz da mentira.

Cai a tarde. O trem apita.
Quem eu espero... não vem.     (M. Honrosa Rio de Janeiro-1999)
- A saudade me visita
em cada apito do trem!

Tinha mania, na escola,     (M. Especial Nova Friburgo - 1999)
de colar, o Nicolau.
- E foi a poder de cola
que acabou colando... grau!

0 vento que insufla as velas     (M. Honrosa Barra do Piraí, 1995)
para o barco navegar,
é o mesmo que, nas procelas,
causa tragédias no mar.

Do nosso amor sem futuro
eu guardo a lembrança, ainda.    (M.Especial Nova Friburgo - 1990)
- Nunca um amor foi tão puro,
nunca a ilusão foi tão linda !

Quando o sol busca o horizonte     (Tambaú - 1987)
eu me deleito a sonhar,
ouvindo o cantar da fonte
que é fonte do meu cantar.

Ao aceno da derrota
dobra-se a força do braço:    (9º lugar Nova Friburgo - 1987)
a vitória, às vezes, brota
do receio de um fracasso.

Nas horas de desencanto    (15º lugar Nova Friburgo - 1986)
eu vivo cantando a esmo:
cada cantiga que eu canto
leva um pouco de mim mesmo.

Não fale em saudade agora,    (M. Honrosa Niterói - 1982)
que eu não quero recordar:
quem fala em saudade chora
e eu já cansei de chorar.

Jamais lamentes o atraso
de um amor que tardou tanto.    (17º lugar Nova Friburgo - 1978)
Nas cores rubras do ocaso
é que o sol tem mais encanto.

Nada disseste.  Entretanto,
no teu olhar triste e mudo,    (4º lugar Nova Friburgo - 1972)
o silêncio do teu pranto
falou mais alto que tudo! 

Não tendo, no meu Calvário,
ajuda do Cireneu,
eu carrego, solitário,
a cruz que a vida me deu.

Expresso, aqui, da saudade,
a minha definição:
rastros de felicidade
deixados no coração.

Menina, não chores tanto
por um amor que morreu:
para consolar-te o pranto,
aqui, bem perto, estou eu.

TROVAS DE BOM HUMOR

Nesta vida de cachorro,
que os nervos tanto me abala,    (4º lugar Nova Friburgo - 1973)
eu só não peço socorro
porque cachorro não fala.

Quem casa, por certo pensa
numa vida de ventura;
mas será que isto compensa
a sogra que a gente atura?

Não sei se é loura ou morena
essa cabeça vazia:
os teus cabelos, pequena,
mudam de cor todo dia!...

Um amigo da bebida
dizia, em tom de chalaça:
"As quatro  ilusões da vida
são três: mulher e cachaça."

Tua despedida veio
exatamente na hora
em que eu procurava um meio
de poder mandar-te embora.