Luiz Carlos Abritta

Eu tenho perseverança
e à tristeza me anteponho:
garimpeiro da esperança,
sempre vivi do meu sonho.

De todo o "não" que me deste,
o que mais triste me fez
foi aquele que disseste
disfarçado num "talvez".

Quando a velhice transponho,
vejo longe o teu retrato,
nessa moldura de sonho
que da memória resgato.

Nessa vereda que é a vida,
vou de tropeço em tropeço,
pois cada nova subida
é sempre um novo começo.

Nesse exílio que me imponho
não senti que era miragem
e dos pedaços de sonho
eu recompus tua imagem.

Do simples pó eu procedo,
sei que a ele hei de voltar;
a vida não tem segredo:
é um eterno retornar.