SUPER-ABBUD (texto de José Ouverney, escrito em 25.11.2013
(Veja mais textos do autor em http://www.falandodetrova.com.br/ouverneyconverso)
Como ser humano: MARAVILHOSO!
Como trovador: MAGNÍFICO!
Como trabalhador pela Trova: INSUBSTITUÍVEL!
Mais do que irmão, um paizão de todos os trovadores. Que dinamismo! Que fibra! Tanto espiritual quanto fisicamente, Abbud sempre me lembrou a imagem de uma muralha. Ou de um super-herói. Daqueles que eram esmagados, retalhados, moídos, incendiados... E ressurgiam intactos.. Novinhos em folha!
Ainda agora, mesmo sabendo que a muralha tombou, ou que o “Super-Abbud” cansou-se, enfim, dessa história de “morrer” e renascer, fico naquela quase infante expectativa de que, a qualquer momento, como nas velhas e saudosas matinês, alguém ligue a tomada novamente, e ele ressurja de alguma página, de alguma esquina, de algum ponto qualquer, e continue nos encantando com suas peripécias e sua doçura.
Algumas vezes eu lhe disse: “Abbud, faça um favor para todos nós; escreva um livro com suas memórias trovadorescas; registre todo esse enorme e precioso acervo que você tem na cabeça. Não podemos nos privar disso.” Ele apenas sorria e continuava nos contando uma infinidade de “causos” antigos, ora pitorescos, ora comoventes, valendo-se de uma memória privilegiadíssima..
Agora estamos órfãos. Não só de sua presença mas também de suas lembranças. Com isso, quem morre mais um pouco é a memória do Movimento Trovístico, que já morrera com Izo Goldman, com João Freire, com Carlos Guimarães, com José Maria Machado, com Waldir Neves...
Quantas perdas!... Não estamos sepultando apenas nossos irmãos-trovadores; estamos sepultando todo o legado que eles representavam (e representam), e que não são registrados em lugar algum.
Estamos precisando urgentemente de um biógrafo oficial no seio da U.B.T....
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P.S. = Rodolpho Abbud, durante as sextas-feiras, também chamadas de “Noite dos Magníficos”, quando começava a receber muitas homenagens, sempre dizia, em tom de brincadeira:
“Já sei, vocês estão me homenageando demais porque acham que eu vou morrer logo, mas eu não tenho pressa nenhuma. Como sou muito educado, vou deixando as pessoas passarem à minha frente na fila”. E nós ríamos, junto com ele, porque, no fundo, talvez todos acreditássemos, mesmo, que o nosso Paizão era infindável...