Os IV Jogos Florais de Juiz de Fora foram organizados pelo Núcleo Mineiro de Escritores - NUME, cujo encerramento se deu entre os dias 09 e 11 de dezembro do ano de 1966.
TEMA: "MISÉRIA"
1º lugar: COLBERT RANGEL COELHO - Rio de Janeiro/GB
Miséria: aquela casinha
com lamparina de azeite
e uma criança magrinha
sugando um peito sem leite...
2º lugar: JOSÉ CARLOS DE LERY GUIMARÃES - Juiz de Fora
Dentro da choça pequena
nenhum ruído ou alarde:
morte por fome é serena
qual o morrer de uma tarde...
3º lugar: ALVES COSTA - Rio de Janeiro/GB
Na miséria que me assalta
enfrento dias tão duros
que até o piche me falta
para pichar esses muros.
4º lugar: JOUBERT DE ARAÚJO SILVA - Rio de Janeiro/GB
Cegonha é invenção de rico
e não passa de pilhéria...
Quem trouxe o filho do Chico
foi o urubu da miséria.
5º lugar: CEZÁRIO BRANDI FILHO - Juiz de Fora
A miséria tira a graça
do menino popular,
que pede esmolas na praça,
sendo a riqueza do lar.
6º lugar: APARÍCIO FERNANDES - Rio de Janeiro/GB
Bendigo a fé que me assiste
nos fundos pesares meus!
A miséria é bem mais triste
quando não se crê em Deus.
7º lugar: COLBERT RANGEL COELHO - Rio de Janeiro/GB
É denegado de novo,
sem exame da matéria,
o pão que requer o povo
em petição de miséria.
8º lugar: JOSÉ VALERIANO RODRIGUES - Belo Horizonte
Ante a miséria da vida
e tantos horrores seus,
a gente às vezes duvida
que a vida venha de Deus!
9º lugar: HÉLIO C. TEIXEIRA - Rio de Janeiro/GB
Tem dinheiro e boa roupa,
mas pensa o velho a verdade:
tanta mulher dando sopa...
Miséria é ter minha idade.
10º lugar: JOÃO RANGEL COELHO - Rio de Janeiro/GB
Se tu és rico e eu mendigo,
ao morrermos tu mais eu,
não levas nada contigo
e eu levo tudo o que é meu...
11º lugar: MÁRIO PEIXOTO - Rio de Janeiro
Papai Noel: Tenho medo
de que esqueças nosso trato
e não tragas meu brinquedo
porque não tenho sapato.
12º lugar: CLODOALDO DE ALENCAR - Aracaju/SE
Da chaminé do vizinho
há dias não sai fumaça.
É que a miséria faz ninho
nos fogões por onde passa.
13º lugar: WILSON DANTAS - Natal/RN
Miséria, miséria imensa
que mais punge e faz sofrer,
é a do cego de nascença
que nem a mãe pôde ver.
14º lugar: CÉLIO GRÜNEWALD - Juiz de Fora
Nesta terra tão vazia...
Nesta miséria sem nome,
qualquer de nós ganharia
o Prêmio Nobel da Fome!
15º lugar: SEVERINO UCHÔA - Aracaju
Na favela, pobre e triste,
sobem casais abraçados...
A miséria não existe
nas almas dos namorados.
16º lugar: JOAQUIM VICENTE GUEDES - Juiz de Fora
Juntamos nossos farrapos
naquele rancho sem flor.
Era a miséria dos trapos
numa fartura de amor!
17º lugar: DULCÍDIO DE BARROS MOREIRA SOBRINHO - Juiz de Fora
Encontro um ponto de vista
contrário sobre a pobreza:
para os olhos de um artista
a miséria é uma beleza.
18º lugar: MARIA SYLVIA DE CERQUEIRA LEITE - Rio de Janeiro
Comprovo com alegria
que a miséria não alcança
a ventura fugidia
dos olhos de uma criança.
19º lugar: ANATOLE RAMOS - Goiânia/GO
Miséria é produto à venda
- aliosa mercadoria -
a maior fonte de renda
da falsa filantropia.
20º lugar: COLBERT RANGEL COELHO
Só será feita a degola
da fome, num clima hostil
quando a mão que pede esmola
pedir, também, um fuzil!
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Resultados de 1º a 10º publicados no Boletim da UBT Nacional, edição de novembro/2013. A partir de 11º, uma colaboração do trovador Dulcídio de Barros Moreira Sobrinho, de Juiz de Fora.