Lucélia Santos é mais uma das jovens promessas no cenário da Trova potiguar. Nascida em Patu/RN, no dia 06 de novembro de 1990.
Trago em silêncio, sozinha,
sentimentos de tal jeito,
que nem Deus mesmo adivinha
o que se passa em meu peito.
Nas tristes tardes de outono,
entre as folhas, sem meu bem,
vago a esmo, no abandono...
Sou folha seca também!
Andando entre pedregulhos,
meus pés, feridos, cansados...
recebem de Deus, embrulhos,
com fé... e um par de calçados.
Meus olhos, um mar profundo
que guarda um segredo imenso...
Vidente algum neste mundo
poderá ver o que penso.
Céu nublado e a terra fria,
e o vento ainda dormindo,
num tom de melancolia
o dia vai prosseguindo.
Não há homem que resista
à tentação da morena
que em cada riso conquista
e em cada beijo envenena.
Por causa da ausência tua,
Meu corpo frio estremece
E a minh’alma seminua,
Sem a tua não se aquece.
Nas tristes tardes de outono,
Entre as folhas, sem meu bem...
Vago a esmo no abandono...
Sou folha seca também!
Vejo as gotinhas de orvalho
Se desmanchando na aurora,
Enxugando em cada galho
O pranto que a noite chora.
Saudade, um velho barquinho
Carregado de lembranças,
Navegando de mansinho
Sem rumo e sem esperanças.
Passarinho engaiolado
Quando canta é de saudade,
Lembrando o tempo passado
Que viveu com liberdade.
Meus versos, apenas vultos!
Nesta trovinha discreta,
Sou criança entre os adultos...
Brincando de ser poeta.
Quem passou por essa vida
E aqui não deixou saudade
Teve uma vida fingida
Nunca viveu de verdade.
Quando criança... Pensei...
“Meu Deus como a vida é bela!”
Mas por tudo que eu passei...
Retiro o que pensei dela!
Em parte da minha essência
Já nem sei mais quem sou eu...
Quando choro pela ausência
De um sonho que já morreu.
No meu peito as cicatrizes
De uma tristeza sentida,
Encobrem marcas felizes
Dos bons momentos da vida.
Em abraços prolongados
Desse teu corpo me aposso,
Entre os lençóis perfumados
Num leito de amor só nosso.
Te amei tanto no passado...
E esse amor que não foi dito,
Até hoje está guardado
Num velho poema escrito.
Nas estradas do destino
Com rumo à felicidade
Por vezes tirei um fino
Nos abismos da saudade.
Em meu silêncio profundo
Coração sofre de amor...
Enquanto se cala ao mundo,
No peito grita de dor.
Nesse meu viver errante
Coração vive tristonho,
E num desejo incessante
Só é feliz... Quando sonho!
Cadê a cidadania?
Temos direitos... Ou não?
A nossa voz deveria...
Ter poder nessa nação!
Eu recebi seu recado
Escrito com tanto amor...
Num papelzinho dobrado,
No bico de um beija-flor.
Depois de tanta amargura
Este pobre coração...
Tornou-se uma pedra dura,
Bruta, sem lapidação.
E se mais nada eu fizer
em relação a nós dois,
aceite o adeus que vier,
que eu aceito a dor depois.