MARIA LUA, artista plástica, astróloga, licenciada em Letras, reside em Nova Friburgo mas nasceu em São Fidélis, bucólico município do Estado do Rio de Janeiro, terra natal de outros poetas como A.A. de Assis e Sardenberg. No dia 03 de março. Uma poetisa de muitos recursos, que granjeou muitas amizades nas lides trovísticas mas que, por opção própria, encontra-se afastada do convívio com seus irmãos-trovadores.
Esta saudade que aporta
no meu cais de solidão
me lembra uma praia morta,
onde a Lua brilha em vão...
Se coragem eu não tenho (Venc. Elos Club SP 2000)
de mostrar meu sentimento,
nos versos não me contenho
e vivo os sonhos que invento...
A poesia em mim aflora
quando, num transe infinito,
modelo uma alma de Aurora
no barro de um corpo aflito...
Senhora de mil caminhos
e de saudades secretas,
a Lua... é o Sol dos sozinhos...
dos amantes... dos poetas...
Ao encantar-lhes a vida,
calando as dores secretas, (3º lugar Fortaleza 2000)
a Lua... ninguém duvida...
é o talismã dos poetas...
Alimentando a emoção (M. Honrosa Maringá 2002)
de suas almas inquietas,
a Lua, na imensidão,
é o pão-do-céu dos poetas...
Na solidão mais secreta,
o amor em mim não se cala (co-vencedora em Bandeirantes- 2002)
e... a minha alma de Poeta
ouve o silêncio... que fala..
Se a vida apaga as estrelas (vencedora BH 2002)
e espalha trevas na estrada,
meu sonho pode acendê-Ias,
criando luzes... do nada!...
À paixão que em mim persiste, (M. Especial Niterói - 2004)
não quero renunciar...
pois... renúncia é viagem triste
que um sonho faz ao voltar...
Renúncia... amor em pedaços... (M. Honrosa Niterói - 2004)
que se prendeu num tear,
no emaranhado de laços,
que eu tento em vão desfiar...
Vou deixando, sem cuidado,
sob o olhar claro da Lua,
os rastros do meu pecado
nas pedras soltas da rua...
Quando a paixão perde o encanto
e a sorte se torna ingrata,
nem o abandono dói tanto...
A indiferença é que mata!...
Nos atalhos da poesia
vou fingindo que não minto,
porque não tenho a ousadia
de viver tudo o que sinto...
Tinha sabor de pecado,
no namoro adolescente,
aquele abraço acanhado...
aquele beijo inocente...
Tantas propostas me faz
esta saudade sem brio
que, num avesso de paz,
eu me rendo... ao desvario...
Loucura é abrir os meus braços
às sombras... na solidão...
para abraçar desabraços
na entrega do coração!...
Esse amor que me consome,
que nem o tempo modera,
não tem idade... nem nome...
mas tem o rosto da espera...