Eu fui aluno educado
e o meu sucesso escolar
foi ter sido premiado
conjugando o verbo AMAR!
Ternura que joguei fora
nos tempos de meninice,
que falta fazes, agora,
na solidão da velhice...
Minha alma somente almeja,
findos os tempos de rapaz,
que Deus permita que eu seja
um velho cheio de paz!
Nuvens no céu do sertão...
Esperança do matuto
de ver a chuva no chão
encharcando o solo bruto.
Quando adormece a cidade
e o jardim se faz silente,
desperta, então, a saudade
que mora dentro da gente.
Segue a seca em sua trilha.
É seu destino o sertão
e vai fazendo a partilha
aos deserdados de chão.
Minha existência sofrida,
de uma amargura sem fim,
foi partilhar minha vida
com quem não gosta de mim.
Lavrador... solo adubado.
A plantação logo é feita.
E o trabalho é premiado
na fartura da colheita.
Quanta beleza irradia
aquela face enrugada,
guardando, ainda, a alegria
da primavera passada...
Manda, amor, por caridade,
tuas luvas, mesmo em trapos.
Quero enganar a saudade
com “duas mãos” em farrapos!...
Dentro da noite, em surdina,
violões choram de dor,
recordando a triste sina
dos que morreram de amor.
Quem tem fibra não aceita
o pranto _ remédio errado.
Novo amor _melhor receita
a um coração desprezado.
Por ter vencido os abrolhos,
guiado por Tua mão,
Senhor, eu trago nos olhos
o brilho da gratidão!
Vivo à margem dos regaços
e todo este meu desgosto
é ver as marcas e os traços
que o tempo fez em meu rosto.
No menino que subsiste,
pedindo de porta em porta,
vejo em sua face triste
uma esperança já morta.
Sem o calor do teu peito,
meu quarto é só solidão.
E o frio invade o meu leito
em pleno sol do verão.