MÁRIO PEIXOTO, nome literário de Mário Luiz Peixoto de Castro, que nasceu no Rio de Janeiro, a 30 de agosto de 1926, filho de Oswaldo Peixoto de Castro e Ângela Peixoto de Castro. Grande Poeta, Contista e Trovador, punha sempre marca muito pessoal em tudo que produzia, pela sua costumeira originalidade. Publicou um livro de Contos, ao qual batizou como "Chuva de Vento no Querosene". Foi publicitário e alto funcionário do Banco do Brasil, tendo trabalhado na Agência desta Cidade nos anos cinqüenta, quando residia em Barra do Piraí. Foi inúmeras vezes premiado em Concursos Literários e em Jogos Florais. Mário Peixoto faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de dezembro de 1991.
Noite de tédio...comprida...
Tão sem graça e tão vazia,
que eu bebo qualquer bebida
e aceito qualquer Maria...
Meus cenários de menino (Vencedora Niterói - 1991)
ficaram nos bastidores:
foi o dedo do destino,
desligando os refletores...
Você rodeia, me assunta,
traz prendas, no aniversário... (M. Especial Niterói - 1991)
Por que você não pergunta
se faz falta em meu cenário?
Nas tentativas frustradas
de conseguir mais espaços, (M.Honrosa Friburgo 1991)
a medida das passadas
é sempre maior que os passos...
Foi-se o tempo do brinquedo, (7º lugar Nova Friburgo-1985)
das cirandas, da esperança...
Ah! se eu soubesse mais cedo
como era bom ser criança!...
As nossas dúvidas, juntas, (12º lugar N. Friburgo-1984)
sufocaram as propostas
do amor, feito de perguntas
que não tiveram respostas...
Quando em meu peito te encostas (3º lugar N. Friburgo-1980)
e as nossas mãos estão juntas,
o silêncio das respostas
muda o rumo das perguntas.
Velho trem, triste e rangente, (9º lugar Bandeirantes 1980)
o horizonte é o teu estojo:
quanta esperança, na frente:
quantos lamentos no bojo...
A mais longa travessia
é a mudez do telefone;
o caos da cama vazia
e o tédio da noite insone!
Juntemos nossos outroras:
os segundos de saudade
são formiguinhas das horas
carregando a eternidade...
O adeus nem sempre é verdade
e a distância pouco importa:
para que surja a saudade
basta, entre nós, uma porta...
A vida é luta perdida,
e inútil nossa coragem,
se a meta, nunca atingida,
jamais passou de miragem.
Vale mais e paira acima
das riquezas do universo
a pérola de uma rima
no estojo simples de um verso!
Não se aprende a ser valente
como se aprende a escrever.
- Bravura é coisa que a gente
já traz do berço, ao nascer...
Lutar faz parte da lida,
ganhar faz parte do fado.
Vencendo ou não nesta vida,
a vitória é ter lutado!
No nosso andar compassado
dávamos voltas na praça.
Casalzinho enamorado:
eu sem jeito e tu sem graça...
Mesma noite, mesma rua,
mesmo jardim, mesma grade.
Mesma luz da mesma lua!...
E, em teu lugar, a Saudade!...
Já brinquei de "Faz-de-conta"
nos meus tempos de menino.
Hoje a velhice desponta:
sou brinquedo do destino!
TROVAS DE BOM HUMOR
Engracei-me por Gracinda,
mas, por graça da desgraça,
Gracinda, de graça infinda,
acha graça e não se engraça...
Se eu pequei, padre, perdão,
mas a mulher do vizinho
coloca, sem remissão,
qualquer um no mau caminho...
O Salim é tão mesquinho
que, passando pela igreja,
põe na cuia do ceguinho
uma tampa de cerveja.
No trem, ela, em sobressalto, (co-vencedora no Rio de Janeiro - 1991)
toma um susto e, de mãos postas,
reza pra não ser assalto
aquilo, duro, nas costas...
Num susto a vaca se enrola, (co-vencedora no Rio de Janeiro - 1991)
sem saber como é que foi
que seu boi pisou na bola,
dando bola a um outro boi...