Perdido na escuridão,
sem saber se é noite ou dia, (Venc. São Paulo 1994)
pede o cego, na oração:
“Senhor, protege o meu guia!”
Deixo agora o meu sertão, (M. Especial Bandeirantes – 1994)
por sustento e por abrigo;
mas os meus, não deixo não!
- A família vai comigo!!!
A família, com seus trancos, (M. Especial Bandeirantes – 1994)
às vezes não é perfeita...
Mas aplainando os “barrancos”
com jeitinho ela se ajeita!...
Família, tesouro nobre (M. Especial em São Lourenço/MG – 1994)
que dia e noite reluz...
Até no rancho mais pobre
vê-se o brilho desta luz!
O homem pode, num segundo, (Cornélio Procópio – 1995)
mover tudo o que quiser,
mas quem movimenta o mundo
é o coração da mulher!
Tua cantiga de amor
adormece em tempos idos, (covencedora no Clube Português SP – 1995)
mas o vento, a meu favor,
vem soprá-la em meus ouvidos!
Quando a velhice aparece, (covencedora em Bandeirantes – 1995)
a vida gira ao contrário.
A primavera floresce
apenas no calendário.
A primavera dá cores
e o destino me dá tranco,
por isso é que as minhas flores (M. Honrosa em Bandeirantes – 1995)
são todas em preto e branco!...
Nossa mesa, lá na roça, (M.Honrosa Conc. Paralelo Friburgo 1996)
fica cheia de requintes
quando o rádio, na palhoça,
diz: "Bom-Dia, Meus Ouvintes"!
O rio passa... arrebenta,
causando estragos, desgostos, (Menção Honrosa em S. João da Boa Vista – 1996)
e, quando passa a tormenta,
brotam riachos... nos rostos.
Neste mundo se padece
mas nós temos luz eterna,
pois quando a estrada escurece, ("eternidade" - covencedora em Pindamonhangaba – 1996)
Deus recarrega a lanterna!...
Aquele amor que é só nosso,
às vezes me causa impasse;
tento esconder, mas não posso: (M. Especial em Barra do Piraí – 1996)
- o sangue me sobe à face!...
Das lembranças que ficaram, (covencedora em Cornélio Procópio – 1996)
guardo a melhor, com certeza:
- os teus lábios, que marcaram...
um guardanapo de mesa!
Sorrateiro, sem fumaça, (Menção Honrosa em Belém – 1996)
arrasador, inclemente,
é aquele fogo que passa...
queimando os sonhos da gente!
Vem Trovador, vem correndo (M. Honrosa em Bandeirantes – 1996)
ao meu Paraná, porque,
o Pinheiro está morrendo...
... De saudades de você!
Vai para a guerra o soldado, (Menção Honrosa em Londrina – 1996)
e num derradeiro afeto,
volta à praça... lapidado,
numa estátua de concreto!
O velho mar sente o cheiro (covencedora no Clube Português/SP – 1997)
e redobra o seu carinho
ao perceber que o cargueiro
está transportando vinho!
Quando a sós, nos encontramos, (covencedora em Bandeirantes – 1997)
não temos calma, jamais:
é tanto o que desejamos...
- que a noite é curta demais!
Lá fora, nada me importa (Menção Honrosa em Niterói – 1997)
e esqueço da vida ingrata,
quando você fecha a porta...
e tira o nó da gravata!...
Ao sonho não alcançado,
eu comparo, muitas vezes (Menção Especial em Niterói – 1997),
o nó de arame farpado
que impõe o limite às reses!...
Para que ninguém se cale,
Deus, em seus sábios enredos, (M. Honrosa em Sete Lagoas – 1997, tema livre)
permite que o “mudo fale”...
usando apenas os dedos!
Não podendo germinar (M. Honrosa em Sete Lagoas – 1997, tema livre)
na roça do agricultor,
a pedra se faz brotar...
no talento do escultor!
Se agora vivo sozinho
carrego a culpa, fui falho, (Ribeirão Preto – 1997, tema livre)
ao trocar o bom caminho
pela ilusão de um atalho!...
Para rever quem ficou, (3º Lugar Nova Friburgo 1998)
voltei à mesma janela.
E o tempo, que em mim passou,
nem tocou no rosto dela ! ...
Ao amor que está morrendo, (M. Honrosa Nova Friburgo – 1998)
somos, na casa vazia,
duas janelas batendo
contra o vento que assobia.
Da Suíça eu não me esqueço (M. Honrosa Nova Friburgo – 1998 – Concurso Paralelo)
e quando a saudade arrasa,
em Friburgo eu permaneço,
porque aqui me sinto em casa!...
O Colégio tem saudade
dos estudantes brejeiros,
dos recados – sem maldade – (feita para o Colégio Nova Friburgo – 1998)
nas paredes dos banheiros!...
Não tema os dias futuros,
pise firme e siga adiante;
olhe a praia, que, sem muros, (covencedora Museu Anchieta SP 1998)
escora o mar, que é gigante!
Os agrados de verdade (Vencedora Niterói 1998)
que você me prometeu
me fazem sentir saudade
do que não aconteceu!...
Não chore e não perca a calma, (Menção Especial em Magé/RJ – 1998)
querendo um rosto perfeito;
quem traz a meiguice na alma,
não mostra nenhum defeito!...
Esta saudável medida,
no diabetes se explica:
- Tirando o açúcar da vida, (Menção Honrosa em Magé/RJ – 1998)
a vida, mais doce fica!...
Pelo cais da minha vida
procuro, ao longo dos anos, (Conc. “Modesto de Abreu” – RJ, 1998)
a caravela perdida...
nos mares dos desenganos!
Causa tristeza maior,
ante o muito que se almeja, (Menção Especial em Peruíbe/SP – 1998)
quando a surpresa é menor
que aquilo que se deseja!
Não há paixão que descarte (covencedora no Clube Português/SP – 1999)
a despedida sem mágoas:
todo veleiro que parte,
deixa um rastro sobre as águas!
Não bastam as mãos erguidas (M. Especial Exército Brasileiro Niterói – 1999)
pedindo paz e união:
- as distâncias são vencidas
quando a ponte é o coração!
Dilemas, frases mesquinhas, (Vencedora em Bandeirantes – 1999)
melhor que acabem de vez,
se existem duas rainhas
no teu jogo de xadrez!...
Quero tanto os teus carinhos (M. Honrosa em Bandeirantes – 1999)
e o dilema é te prender:
a vida mostra os caminhos...
mas não ensina a escolher!
Solidão, cerveja quente
e a espera de quem não vem... (covencedora Rio de Janeiro – 2000)
Somente quem prova... sente
o gosto amargo que tem!
Foi tão falso o teu apreço,
que no instante em que fui tua, (M. Especial em Nova Friburgo – 2000)
esqueceste o endereço,
o meu nome... e a minha rua!
Nossas noites foram fartas, ("delírio" - Vencedora em Niterói – 2000)
e a paixão foi tão ardente,
que ao reler as tuas cartas
eu deliro... novamente!...
Para aumentar meus martírios, (M. Honrosa em Niterói – 2000)
o destino, quando quer,
me faz ouvir teus delírios...
nos braços de outra mulher!!!
Paz... e as nações de mãos dadas, (M. Honrosa Campos dos Goytacazes – 2000)
sem precisar de fronteiras,
empunham suas enxadas
e plantam flor nas trincheiras!...
O cão magro e o boia-fria (Menção Especial em Peruíbe/SP –2000)
numa fraqueza infinita,
repartem, ao fim do dia,
um restinho da marmita!...
Não creio em falsa promessa (Menção Especial em Amparo/SP –2001)
nesse mundo de alquimia,
se às vezes, quem a professa,
nem conhece a profecia...
Demonstra muita riqueza
quem ajuda um grande amigo, (covencedora em Porto Alegre - 2001)
mas não se mede a grandeza
de quem socorre o inimigo!...
Resposta à mão calejada
de um lavrador que tem fé,
é quando Deus, na alvorada, (Vencedora em Bandeirantes – 2001)
põe flor nos pés de café!
Pai, a saudade me acorda (M. Honrosa em Pouso Alegre/MG – 2001)
e traz, do nosso passado,
o rancho, o fumo de corda...
e o teu chapéu amassado.
A lembrança que castiga,
por mais distante que esteja, (covencedora em Pindamonhangaba 2002)
é qual cirurgia antiga:
- de vez em quando... lateja!
O vinho, em nosso passado, (covencedora em Maringá – 2002)
por mais tinto que ele fosse,
em nosso beijo molhado,
não era tinto... era doce!
De manhã, com alegria,
eu redobro a minha lida
porque Deus deu mais um dia (covencedora em São Paulo – 2002)
aos dias da minha vida!
Meus filhos são meus amores,
e o meu amor é tão farto,
que eu não me lembro das dores (Menção Especial em Taubaté/SP –2002)
e muito menos do parto!...
Nessa altivez que me ancora
se esconde o grande segredo
de um homem que também chora, (covencedora em Niterói – 2002)
que sente dor... e tem medo!
Quando o aceno vem à tona, (6º lugar em Pouso Alegre/MG – 2002)
ante uma forte emoção,
é o coração que impulsiona
o movimento da mão!
O Natal era alegria,
e a gente nem reclamava: (M. Honrosa em Garibaldi/RS – 2002)
sobre a mesa, nada havia,
mas em volta o amor sobrava!!!
A vida parece um rio
neste universo sem fim;
quanto mais me distancio, (M. Honrosa em Portugal – 2002)
mais eu me afasto de mim!
Não me esqueces... não te esqueço, (covencedora em Niterói – 2003)
mas a vida fica incerta
quando a razão põe o preço
e o destino dobra a oferta!...
Na roça em que fui criada, (3º lugar em Pitangui/MG – 2003)
sonhei ser tua rainha,
e, ao ver tua mão, cuidada,
depressa... escondi a minha!
Quem diria, nessa idade,
que eu me tornasse refém (M. Honrosa em Maringá – 2003)
de quem só quer amizade...
e eu quero... bem mais além!
Quanta energia perdida
ao longo de uma jornada, (M. Especial em Bandeirantes – 2003)
de quem passou pela vida,
teve tempo... e não fez nada!
A vida é um campo florido! (M. Honrosa em Bandeirantes – 2003)
Um eterno renascer
entre o tempo já vivido
e o tempo para viver!...
De meu pai, homem inculto, (M. Honrosa em Pindamonhangaba – 2004)
tenho muito que aprender:
bastava apenas seu vulto
e... se fazia entender!
Lutando em busca de espaço, (M. Honrosa em Niterói – 2004)
naqueles tempos de outrora,
era menor o cansaço
do que o cansaço de agora!
Se hoje sou homem correto (6º lugar em Conselheiro Lafaiete – 2004)
agradeço eternamente
ao meu mestre, analfabeto,
que me ensinou a ser gente!
Não julgue pelos farrapos
ao que com trapos se cobre, (M. Honrosa em Pouso Alegre – 2004)
que por trás de velhos trapos
se esconde muita alma nobre!...
A tapera, em meu viver, (Vencedora em Pitangui – 2005)
é tão longe do espigão,
que Deus precisa descer
para ouvir minha oração!
Confesso! E por mais que aprume, (M. Especial em Sete Lagoas – 2005)
é tamanha a insensatez,
que, sentindo o teu perfume,
eu peco tudo outra vez!
Entre morrer ou lutar,
quando a paz está em jogo, (M. Especial em Ribeirão Preto – 2005)
ninguém pode calcular
quanto vale um “cessar-fogo”.
Pode ser rosa, amarela,
... depende do tom do amor. (covencedora em Ribeirão Preto – 2006)
Saudade é como aquarela:
cada artista escolhe a cor!...
Cantagalo nos encanta
na alegria e na beleza:
- Em terra que o galo canta (M. Honrosa em Cantagalo/RJ – 2006)
não vem cantar a tristeza!
Novo abraço... mesma esquina, (covencedora em Curitiba – 2008)
e ao renovar a promessa,
até o passado se inclina
à vida que recomeça!
Ao fechar duas metades (covencedora em São Paulo – 2008)
formava-se um coração.
Agora, em meio às saudades...
Eu fecho meio portão!!!
Ante os filhos me ajoelho
e peço a Deus a medida:
- Não ser na vida um espelho, (M. Especial em Bandeirantes – 2008)
mas um espelho de vida!...
Sinto, aos apelos em vão,
quando minha mão acena,
que aos homens falta visão... (1º lugar em Pouso Alegre/MG – 2008)
ou minha mão é pequena!
Põe o chapéu junto ao peito (2º lugar em Pouso Alegre/MG – 2008)
e ajoelhado se rende:
- apelo meio sem jeito,
mas esse é o que Deus atende!
O camponês analisa
e sabe, pelas pinturas,
que o que a lavoura precisa
vem das nuvens mais escuras!!! (M. Honrosa Rio de Janeiro – 2010)
Não me prendo à realidade
mais por questão de direito:
- quem chega na minha idade (Menção Honrosa em Cantagalo – 2010)
já fez tudo... e fez bem feito!...
Sem meus filhos ao meu lado, (covencedora em Maringá – 2011)
contemplo, sem alegria,
o celeiro abarrotado
e a casa-grande... vazia!
Quando a vida não descora (M. Honrosa em Concepción/Chile – 2012)
a identidade dos brilhos,
o nosso brilho de outrora
se reflete em nossos filhos.
Esperança é um galho torto
numa floresta esquecida:
por fora, parece morto;
por dentro, cheio de vida!
Na igrejinha abandonada,
Deus não se sente sozinho:
nas mãos da imagem quebrada
um sabiá fez o ninho!
Pendurado atrás da porta,
guardei, dos tempos de estio,
minha identidade morta
dentro do embornal vazio.
TROVAS DE BOM HUMOR
- Fazer prédio? Desperdício! M. Honrosa Friburgo – 1994 – tema livre)
Diz o caipira a sorrir:
- Se embaixo diz “Edifício”,
como é que se vai subir?
Diz o doutor, sem mancada: (M. Honrosa Bandeirantes – 1994)
- Tire a blusa de veludo.
E a velha, bem assanhada:
- Não é melhor tirar tudo?
Diz o bêbado na rua:
- Sem peru para o Natal, (Menção Especial Nova Friburgo – 1995)
fiz a ceia com perua...
passei a sogra no sal!
Descobrindo a “tal cantada” (1º lugar em Belém/PA – 1996)
o marido não aguenta
e esmaga, na “porretada”,
um grilo... de um metro e oitenta!
A carranca, na janela,
tanto medo produzia,
que ao passar em frente dela (covencedora em Ribeirão Preto – 1998)
o diabo se benzia...!
- Quanto custa a dentadura? ("cobrança" - 10º lugar em Sete Lagoas – 1998)
- Eu cobro vinte por dente.
E a velhinha, na “pindura”:
- Então põe só os da frente!...
- Dei um suspiro, mais nada! (Menção Honrosa em Peruíbe/SP – 1998)
Mas o filhinho, matreiro,
pergunta, dando risada:
- Mamãe, suspiro tem cheiro???
- O que foi isso, querida?
E ela diz: - Foi um “suspiro”. (Menção Especial em Peruíbe/SP – 1998)
Mas o maridão revida:
- Pensei ter ouvido um tiro!...
Vim devolver seu marido
que nada mais me oferece: (4º lugar em Nova Friburgo – 2000)
- no frio fica encolhido,
e no calor... amolece!
Grita de dor o marido,
e desabafa a mulher:
- o problema, meu querido, (covencedora no Rio de Janeiro – 2000)
é salvar o “fecho ecler”!
- Juro pela luz do dia:
foi ele, mamãe, eu juro!
E o gajo se defendia:
- Como é que viu: “tava escuro”!... (M. Honrosa em Bandeirantes – 2000)
Foram-se os tempos de outrora: (Menção Honrosa em Belém – 2001)
teu pijama envelheceu,
não só do lado de fora...
mas tudo nele encolheu!
Não me assustes se eu te assusto, (covencedora em Bandeirantes – 2001)
que dois sustos assustados,
vão provocar grande susto
em dois sustos desmaiados!
O caixão do aposentado
era curto, e ele, comprido: (“Aperto” - covencedora em Bandeirantes – 2002)
na vida... foi "apertado";
na morte... foi "espremido"!
No casório da vizinha,
uma invejosa insinua:
- quem nasceu pra ser galinha, (1º lugar em Pouso Alegre/MG – 2002)
nunca chega a ser perua!
Quando a pimenta “apertou”, (Menção Especial Nova Friburgo – 2007)
parei o carro na estrada.
E o meu azar piorou:
- a moita estava roçada!...
O coveiro olha de cima (covencedora em Bragança Paulista – 2010)
e diz ao ver a Raimunda:
- para enterrar essa rima...
só mesmo a cova mais funda!
Dois pijamas lamentando
as suas vidas em vão:
- Começa assim, desbotando, (M. Especial em Curitiba – 2010)
e depois... pano de chão!
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