filho de Antonio Pinto e Maryland de Morais Pinto, nasceu em Caratinga/MG em 23.06.1915 e faleceu no Rio de Janeiro em 15.01.1974. Publicou vários livros, sendo um de trovas: "Meu coração em cantigas". Residiu por bom tempo no Espírito Santo. Trovador de raro talento. Foi tabelião.
Fonte da ilustração: vendavaldasletras.wordpress.com
O bambu como muita gente
se parece, no feitio:
Por fora - é belo e imponente,
por dentro - é oco e vazio...
Eu, se de amor, ando louco,
culpados somos iguais:
tu - me querendo tão pouco,
eu - te querendo demais!
O ocaso traz tantas mágoas,
que o mar, buscando esquecê-las, (1º lugar Esp. Santo 1938)
espana o espelho das águas
para o baile das estrelas.
Das dores que o tempo aguça
a mais triste, eu desconfio,
ser a da mãe que soluça
junto de um berço vazio...
Tua bênção, Pai Celeste,
à minha casa desceu,
com a esposa que tu me deste,
com a filha que ela me deu.
Sendo o violão de madeira
há de entender nossa dor,
que também foi de madeira
a cruz de Nosso Senhor.
Talvez Deus em mim pensasse,
ao moldar teu lindo rosto.
– Deu-te ao moreno da face
as sombras do meu desgosto.
Na minha saudade imensa,
tendo alguém nas minhas mágoas,
sou como a fonte que pensa
prender a lua nas águas!...
Pelas olheiras, suspeito
de quem diz não ter desgosto:
- Quem chora um amor desfeito
traz sempre o luto no rosto...
Maria não parte um ramo,
mesmo fraco e pequenino...
- E Maria, se quisesse,
dobraria o meu destino!...
Coloquei o teu retrato
no meu relógio, querida:
- Faze, agora, o que quiseres
das horas da minha vida.