AUGUSTO CLÁUDIO FERREIRA, nascido no Rio de Janeiro no dia 02 de abril de 1918, filho de Augusto Alves Ferreira e Anésia Pereira Ferreira era Juiz da Justiça do Trabalho e membro da Academia Friburguense de Letras. Criou e apresentava, na década de 60, na Rádio Friburgo, o programa "Suave é a Noite", combinando música com poesia. Autor do livro de poesias: "Em Busca do Depois". Faleceu em 1993.
Talvez a memória alcance,
nas lembranças sempre fartas, (Niterói 1992)
a beleza do romance
que ficou em nossas cartas!
Na prisão, os condenados
choram suas liberdades,
sem saber que há "libertados", (Niterói 1988)
em tantas prisões sem grades!
Um retrato desbotado,
um lenço perdendo a cor, (Nova Friburgo 1984)
é tudo o que foi guardado
de um velho sonho de amor.
A solidão que não passa,
nessa chuva peneirando,
faz dos pingos, na vidraça, (Nova Friburgo 1981)
a própria vida chorando...
O que nos leva a sofrer,
destruindo nossas vidas,
é a própria angústia de ter (Nova Friburgo 1979)
tants revoltas contidas...
Olhando as marcas do rosto (Nova Friburgo 1976)
é que eu vejo, tristemente,
que a rotina do desgosto
é que me fez diferente...
Nesta vida, sempre a esmo, (Nova Friburgo 1974)
hoje, afinal, tudo diz
que regressei a mim mesmo
e sou um homem feliz!
Meu coração já se cansa (Nova Friburgo 1973)
desta vida triste e vã;
repetição da esperança,
na esperança do amanhã...
Cansei de tudo, afinal,
do muito que a gente tem, (Nova Friburgo 1972)
só não me canso do mal
de tanto te querer bem...
Castigado pela vida,
na trova, neste meu canto,
eu busco a canção perdida, (Nova Friburgo 1971)
no cristal do próprio pranto!
Que grande contradição
a humanidade nos traz:
- a guerra é destruição,
pela construção... da paz!
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