DOMITILLA BORGES BELTRAME, viúva de Mário Beltrame, mineira nascida em Araxá no dia 16 de agosto, residiu e estudou em Uberaba e adotou São Paulo, onde casou-se com o artista plástico e músico Mário Beltrame, de quem é viúva. É integrante das diretorias municipal e estadual paulistas e da diretoria nacional da União Brasileira de Trovadores. Um dos nomes fortes da Trova brasileira. Ingressou na UBT (União Brasileira de Trovadores) em 1983.
Em 2013 era a presidente da UBTs São Paulo (municipal e estadual) e em 2014 assumiu a presidência nacional da entidade.
Que murmurem, não me importa ... (Niterói 1995)
Pecado, nossos abraços ? !
Deixo o mundo além da porta ,
faço meu céu em teus braços!
Nesta vida rotineira,
tua saudade em minha alma
é cantiga de goteira
em noite de chuva calma!
Agora, que tu partiste,
sinto a força da verdade
do grito de dor que existe
no silêncio da saudade.
Quando a vida, num desmando,
fecha a porta da esperança, (8º lugar Friburgo 1990)
vem a saudade, arrombando,
as janelas da lembrança !...
Vem a noite, e sem tardança,
esta saudade se espalma
e acorda tua lembrança
adormecida em minha alma !
Brigamos, mas a tormenta
em instantes se desfaz;
um grande amor sempre inventa
um arco-íris de paz!...
A mamãe cura o dodói,
afaga, põe atadura,
e o rosto de seu herói
se lambuza de ternura!
A favela, à luz da Lua,
é um presépio em miniatura,
mas, ante o Sol, triste e nua,
tem de um calvário a estatura.
Em minha varanda, a sós,
vendo os ganchos na parede,
eu choro a falta dos nós
que amarravam nossa rede!
"Voltarei" dizes depressa (Menção Honrosa Niterói - 1998)
num agrado, à despedida;
fica comigo, a promessa
e em tuas mãos, minha vida!
Numa página, a saudade;
no verso -- não tem escolha --
quase sempre a mocidade
faz parte da mesma folha!...
Tricotando o sapatinho,
a mamãe para um momento
e acaricia o pezinho
no seu ventre em movimento.
TROVAS DE BOM HUMOR:
O marido agonizante,
insistindo quer saber:
Fui traído? – e ela hesitante
– E se você não morrer?
O marido agonizante... (co-vencedora UBT SP - 1995)
E ela, vaidosa, porém,
só reclama a todo instante:
“Luto não me fica bem!...”
Eu não entendo por que (São Paulo 1994)
fica assanhado o meu gato,
todas as vezes que vê
o buraquinho do rato...