NYDIA IAGGI MARTINS foi um dos grandes nomes da Trova de Nova Friburgo. Durante anos, nos concursos municipais, travou um fascinante duelo particular com Aloísio Alves da Costa, para apurar quem premiava mais. Só para se ter uma ideia, no ano de 1976, no tema "Rotina", dos 30 troféus ofertados, Nydia e Aloísio levaram 18. E no ano seguinte (1977), no tema "Calma", ambos ficaram com 23. Nydia nasceu em Friburgo mesmo, filha de Adolpho Sampaio Iaggi e Eugênia Nideck Iaggi. Por uma ironia do destino, ela que ajudou a coordenar os Florais de Friburgo desde o seu ínício, morreu no dia 28 de maio de 1993, durante a realização da 34ª edição, onde ela autografaria o seu livro de trovas intitulado "Mulher"...
No dia em que tu quiseres
ser meu senhor e meu rei, (1º lugar Nova Friburgo 1965)
serei todas as mulheres
na mulher que te darei!
Recusei fortuna e glória,
dos homens guardei distância, (Nova Friburgo 1975)
para ser, na tua história,
a mulher... sem importância.
Numa calma que revolta, (1º lugar Nova Friburgo 1977)
ele chega, de repente;
e eu aceito a sua volta,
para sofrer novamente...
Eu sinto, de minha parte, (co-vencedora no Rio de Janeiro - 1979)
partilhando a despedida,
que sempre que você parte,
parte um pouco a minha vida...
Se a fonte falar pudesse,
a do jardim que foi nosso, (co-vencedora no Rio e Janeiro - 1979)
só não me diria: "esquece!"
porque sabe que não posso...
Lamento, ao fim dos meus dias,
minha ilusão destroçada, (3º lugar Bandeirantes 1980)
a vida sem alegrias
e as mãos tão cheias de nada...
Chega o Natal... E as crianças, (M. Honrosa Niterói - 1985)
da pobreza sem brinquedo,
não tendo mais esperanças
ficam adultas mais cedo...
Nosso romance foi breve...
mas que importa o tempo escasso,
se a saudade ainda escreve
teu nome em tudo o que faço?
Depois do adeus, quanto anseio,
quanta tristeza me invade, (Friburgo 1991)
e também quanto receio
de não ser tua saudade...
Voltaste... E feitas as pazes,
minha alma não te condena: (2º lugar Amparo/SP 1992)
para essa luz que me trazes,
até que a dor foi pequena!...
Vamos chegar abraçados, (M. Honrosa em Nova Friburgo - 1993)
seja o nosso fim qual for,
que os carinhos renovados
mantém a chama do amor!
Da despedida, a lembrança...
Volta o pranto aos olhos meus,
pois não há mais esperança
nem mesmo de um outro adeus...
Quem irá secar meu pranto...
A quem irei consolar?
Se o "depois", que espero tanto,
chegar tarde ou nem chegar?!
É madrugada ! Demoras.
Solidão... cama vazia...
- Passagem lenta das horas,
multiplicando a agonia...
Sobre mulher não discutam,
seus impulsos não se medem:
- as mais fracas também lutam!
- as mais fortes também cedem...
Não hesites aguardando
o beijo que ela não der;
há sempre um beijo esperando
nos sonhos de uma mulher!
Um beijo, assim diminuto
de vida tão resumida...
pode fazer de um minuto
as horas todas da vida!
Pousa aqui, cigano andejo,
minha tenda é hospitaleira
e na taça dos meus beijos
beberás a noite inteira!
Quando a vida - indiferente -
desfaz a felicidade,
o que seria da gente,
se não houvesse a saudade?
Meia noite! Plange as horas
um soturno carrilhão...
- Doze lágrimas sonoras,
pingando na solidão...
"Vive a vida!" - que ironia
alguém me falar assim,
sabendo, como sabia,
que era a vida para mim...
Às vezes, tenho desejo
de, vencendo a timidez,
extravasar no meu beijo
tudo o que sinto e não vês...
Embora na vida sobre
tristeza e falte até pão,
ninguém no mundo é tão pobre
que não tenha uma ilusão...