Octávio Babo Filho - falecido em 01/10/2003

        OCTÁVIO BABO FILHO: filho de Octávio Babo e Maria da Glória Pedreira Babo, nascido a 20 de julho de 1915 no Rio de Janeiro, onde também veio a falecer, em 01 de outubro de 2003, aos 88 anos. Compositor.  Poeta. Advogado conceituado, antecipou entre os anos 1950 e 1970 as luta futuras em defesa do consumidor. Primo do compositor Lamartine Babo.  Publicou dois livros de trovas: "Cantigas das Horas Vagas" e "Ao Correr das Horas".
     Sua atuação na música popular brasileira ficou marcada pela canção de natal "O velhinho", defendida em concurso natalino pelo cantor João Dias e classificada em terceiro lugar. A composição no entanto alcançou grande aceitação popular e se tornou um clássico do repertório natalino: 

Botei meu sapatinho / na janela do quintal/
Papai Noel deixou / meu presente de Natal.
Como é que Papai Noel / não se esquece de ninguém?/
Seja rico, seja pobre, / o velhinho sempre vem!

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Se toda gente soubesse    (7º lugar Friburgo 1960-AMOR)
como custa querer bem,
quanta gente gostaria
de não gostar de ninguém!

Dois destinos são iguais,
na proporção em que dois,         (15º lugar I Jogos Florais da Guanabara-1965)
sofrendo menos ou mais,
sofrerão juntos, depois.

Convém às vezes fugir,
porque a presença freqüente    
não deixa a gente sentir
se sentem falta da gente.

Não dou ouvido ao lamento
e não escondo o porquê:
tudo, na vida, é um momento       (1º lugar Bandeirantes-1980)
- e o meu momento é você...

Construíste mil castelos...
E a tua imaginação,
depois de sonhos tão belos,        (Menção Especial em São Bernardo do Campos/SP - 1983)
quis morar num barracão...

Tenham medo é dos medrosos             (Venc. São Paulo 1993)
- fugidios, reticentes -,
mil vezes mais perigosos
que os atrevidos valentes...

Quem constrói seu barracão        (Menção Honrosa em Tambaú/SP - 1985)
no do vizinho apoiado,
pelo sim e pelo não,
confia... desconfiado!

Saber não ocupa espaço,                   (M. Especial Niterói - 1998)
mas é preciso que a gente,
ao caminhar, passo a passo,
modere o passo da frente...

Não há calvários iguais,
toda cruz é diferente,
e as cruzes que pesam mais
são sempre as cruzes da gente.

Bem que procuro ser santo,
mas não consigo, porque
eu encontro em cada canto
alguém que lembra você... 

Nascemos sentenciados:
“Os que vierem se vão”.
E nem somos informados
do dia da execução... 

Creio que ninguém duvida
desta inconteste verdade:
há mundo, mas não há vida,
quando falta a liberdade!

Buscando falsa razão
para razão que não tem,
ninguém ilude o irmão
sem iludir-se também.

Eu rezo em casa, na igreja,
na rua, em qualquer lugar...
Duvido Deus não esteja
onde costumo rezar! 

Esta Fé que hoje me invade,
traz tanto alento à minha alma
que, dentro da tempestade
sinto a natureza calma! 

Se é por simples gentileza
que a mim você se anuncia,
não me leve a mal, Tristeza!
Prefiro a casa vazia!

Ventura... Felicidade...
Duas palavras vazias
que, depois de certa idade,
não enchem mais nossos dias.

Quando penso em falsidade,        (Salão Campista de Trovas - 1965) 
teu nome logo me vem:
Teu nome: Felicidade!
- Felicidade? De quem?... 

Eu perdi muita amizade,
defendendo injustiçados.
- É que o vento da maldade
sopra de todos os lados. 

As desventuras da vida,
eu não as conto a ninguém,
pois mágoa, que é transmitida,
se multiplica por cem. 

Por que será que você,
tendo os defeitos que tem,
os seus defeitos não vê,
vendo os dos outros tão bem? 

Os santos de antigamente
só foram santos, porque,
conhecendo tanta gente,
não conheceram você...

Não lhe adivinhando o nome,
batizei-a de Maria.
E o remorso me consome:
nunca vi tanta heresia!

Mãe - é palavra sem rima,
buscá-la é inútil, não tente,
pois mãe está muito acima
de tudo, coisas e gente.

A diferença que vejo
entre a virtude e o pecado:
virtuoso - peca a varejo,
pecador - por atacado.

Na mentira a se perder,
não sabe aquele infeliz
que ele nunca se faz crer
nem nas verdades que diz.

Se a morte nos avisasse
a respeito do seu dia,
não creio que nos matasse:
a gente é que morreria... 

Minha mulher não perdoa
a quem me faça maldade.
Não porque ela seja boa:
pretende é exclusividade!

Ao definir a criança,
nada melhor que dizer:
uma risonha esperança,
cujo pecado é crescer.   

Pior do que a despedida,
do que partir pròpriamente;
e não haver, na partida,
quem se despeça da gente.