OLEGÁRIO MARIANO Carneiro da Cunha nasceu em Recife em 24.03.1889, filho de José Mariano Carneiro da Cunha e de Olegária Carneiro da Cunha. Exerceu importantes cargos como Deputado e Embaixador. Em 1926 tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Em 1938 foi eleito o "Príncipe da Poesia Brasileira", sucedendo a Alberto de Oliveira, que sucedera Olavo Bilac. Um dos grandes nomes da poesia brasileira em todos os tempos, conhecido como "Poeta das Cigarras". Faleceu no Rio de Janeiro, a 28 de novembro de 1958.
Soprei. Apagou-se a chama.
Disse-te adeus em seguida.
-Quem diz adeus a quem ama
diz adeus à própria vida!
A debater-me na treva,
canto o amor que me quebranta;
- o peso que a gente leva
é menor quando se canta.
"Lembra!" - diz o coração.
"Esquece!" - a razão me diz.
- E essa eterna indecisão
é que me torna infeliz.
Esperanças, para tê-las,
guardei-as no coração.
Tenho os olhos nas estrelas
e os pés sangrando no chão...
Como nos ombros me pesa
a carga que ando a levar!
É o peso dessa tristeza
que eu não posso suportar.
Pelo mal que me fizeste
e pelo bem que te fiz,
mando os beijos que me deste;
corto o mal pela raiz.
As penas, hei de esquecê-las,
que as penas passam também.
Quem tem cigarras e estrelas,
não precisa de ninguém.