PAULO CESAR OUVERNEY, nascido no Rio de Janeiro em 01 de setembro de 1953, residiu em Valença/RJ e outros lugares, tendo fixado domicílio, por último, em Juiz de Fora/MG. Artista completo: poeta, escultor, compositor, carnavalesco e "otras cositas mas". Infelizmente, por uma fatalidade, veio a falecer no dia 16 de novembro de 2010, mal completados os 57 anos.
Não lamento a minha sina
pelas trevas que carrego... (2º lugar Pouso Alegre, 1995)
Há sempre uma luz divina
nas alvoradas de um cego.
Do teu desprezo ando farto
e, em meu orgulho, pressinto (6º lugar em Nova Friburgo, 1994)
que o trecho da sala ao quarto
nos parece um labirinto!
A morte não me intimida...
Perfil de dor que eu descarto. (Vencedora em Niterói, 1994)
A morte é somente a vida
fazendo um segundo parto!
Seguro as rédeas do medo (Menção Honrosa Barra do Piraí - 1993)
quando o destino covarde
manda a saudade mais cedo
buscar um princípio tarde.
Um dedo contra os pilares.. (Menção Especial Niterói 1993)
murmúrios...silêncio! Tédio...
É a fome subindo andares
pelo interfone do prédio!
Por mais que eu queira negar,
meu coração de menino
é um pingente a balançar (Venc. Rio Novo 1991)
no pescoço do destino!
Cidade grande, e o pirralho,
nos trapos do desafeto,
parece um pobre espantalho (co-vencedora em Niterói - 1990)
na lavoura de concreto!...
Na ilusão de três amores, (Menção Especial em Rio Novo/MG - 1990)
eu fui de sonhos vestido...
Levei três trovas... três flores...
e um coração dividido!
De grisalha cabeleira,
vovó tricota a saudade
e invade qualquer fronteira, (Vencedora Porto Alegre - 1989)
pulando os muros da idade!
Eu tenho pleno direito
de exigir, do meu destino, (Menção Honrosa em Niterói - 1989)
perdão pelo que tem feito
com meus sonhos de menino.
Na minha vida sem graça,
sou gota de água que implora (co-vencedora em Juiz de Fora - 1989)
que você mire a vidraça
e me perceba lá fora.
Se um pesadelo me alcança (13º lugar em Nova Friburgo - 1988)
e me aborta um sonho vivo,
no orfanato da esperança
procuro um sonho furtivo.
Na vida sou inquilino...
Meu corpo é casa, de fato! (Menção Honrosa Juiz de Fora, 1987)
Meu senhorio destino
um dia rasga o contrato!
O destino fez-se artista
num corpo pobre, aleijado; (M. Especial Juiz de Fora, 1987)
e o dom maior... barroquista,
esculpiu o apostolado!
O céu aceso no pasto,
a unir milhões de vidrilhos, (Menção Honrosa Santos, 1987)
campeia meu sonho gasto,
com seu chicote de brilhos...
Ao longo das avenidas,
rotina de todos nós... (Menção Especial Niterói 1987)
seguem milhares de vidas!
Vão lado a lado e tão sós!
Abandonado e tristonho, (2º lugar em Resende/RJ - 1987)
guri de rua, sombrio,
puxa as cobertas do sonho
pra agasalhar-se do frio.
As poças d'água era rios...
e eu, pobre guri, sem nada! (co-vencedora em Rio Novo/MG - 1987)
De jornal, quantos navios
fiz singrar na água parada!
Rio-mar, o meu destino,
nas marolas da arrelia:
foi doce... quando eu, menino; (co-vencedora em Rio Novo/MG - 1987)
salgou-se, enquanto eu crescia!
No teu corpo cobiçado,
antes que a idade o profane, (Valência/RJ 1993)
eu vivo todo o pecado,
e minha alma que se dane!
Num tormento incontrolado,
meu ciúme amaldiçoa
o teu retrato falado
nos lábios de outra pessoa.
Num sorriso sensual,
seu desejo se insinua
ao colocar no varal
minha toalha sobre a sua!..
TROVA DE BOM HUMOR:
Que pescoção tem o moço!
Entre as moças, só bravata:
de grosso - só tem pescoço;
de grande - só tem gravata!
TROVA