SARA MARIANI KANTER, de origem romena, nasceu em Porto Alegre a 08 de agosto de 1947. Formada em Farmácia e Bioquímica. Residiu em São Paulo,
teve muitas participações em concursos de trovas. Foi casada com o célebre trovador Izo Goldman.
Meu palhacinho de pano, ("Palhaço" - co-vencedora em Niterói - 1974)
quantas vezes te surrei!
Hoje a vida e o desengano
dão-me as surras que eu te dei!
Saudade, circo às escuras, (Menção Honrosa em Niterói - 1974)
onde um palhaço, a ilusão,
faz trejeitos e mesuras
para o nada e a solidão.
Meus ideais em pedaços, (Menção Honrosa em Niterói - 1974)
pela vida, destruídos,
foram tristonhos palhaços
de sorrisos não sorridos.
Retratando o que hoje somos,
vejo agora que restou
do quase dois que nós fomos
o quase nada que eu sou.
Mãe preta, meu doce encanto,
que saudade sinto agora,
da tua voz no acalanto
que mandava o medo embora!
Saudade - circo às escuras,
onde um palhaço: a ilusão,
faz trejeitos e mesuras
para o nada e a solidão...
Papai Noel, não entendo
o teu serviço postal:
tantas cartas se perdendo!...
Tantos pobres sem Natal!...
Numa estranha semelhança (X Salão Campista de Trovas - 1977)
com a caixa de Pandora,
vivo apenas de Esperança,
porque o Sonho foi embora.
Eu confesso, estou cansada, (co-vencedora em Niterói - 1978)
cansada deste brinquedo:
- ser espuma apaixonada
pela sombra de um rochedo...
Nossas ruas de criança
a tão longe nos levavam, (co-vencedora em Niterói - 1983)
que nem o infinito alcança
o infinito que alcançavam...
Há sempre um circo vazio (Menção Especial Elos Clube SP 1988)
e um vazio de esperança,
no coração triste e frio
de quem nunca foi criança...
Separadas as metades, (Venc. Elos Clube SP 1988)
a realidade provou
que somos as “inverdades”
que uma esperança inventou...
Cada rio poluído
é uma mensagem de morte, (Vencedora Elos Clube SP 1989)
onde o mundo sem sentido
vai selando a própria sorte!
Sobre a mesa, a lamparina. (Menção Honrosa Elos Clube SP 1989)
No bercinho, uma criança.
E a luz suave ilumina
a mensagem de esperança!
A pandorga colorida,
recriando encantamentos,
toca a sonata da vida
na partitura dos ventos.
Por ser poeta acredito
em dias menos sombrios...
Meu sonho quase infinito
cabe em meus bolsos vazios.
Quando às vezes abro a porta
que a renúncia traz fechada,
tua ausência se recorta
na silhueta do nada...