ABGUAR BASTOS - Belém/PA

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ABGUAR BASTOS
 
 
       ABGUAR BASTOS, nascido Abeguar Bastos Damasceno, em 22-11-1902, em Belém do Pará, embora tenha deixado dois livros de poesia (“Balada Épica” e “Memorial da Liberdade”), tornou-se mais conhecido como romancista. Mas também excursionou pela trova, mesmo não sendo um trovista contumaz.
     Para Jorge Amado, Abguar Bastos foi “o desbravador, o verdadeiro bandeirante da Literatura amazônica ”, autor de romances de grande impacto, como “Dramas da Amazônia”, “Terra de Icamiaba”, “Certos Caminhos do Mundo”, “Safra”.
     Espírito ativo e multifário, Abguar Bastos foi também sociólogo, folclorista, contista, historiador conferencista, teatrólogo, jornalista, tradutor, político, administrador... Deputado federal pelo Pará, em 1934, e por São Paulo, em 1955, cidade onde faleceu, em 26.3.1995. Há vias públicas com seu nome em São Paulo e em Manaus.
     Festejou os seus Setenta anos de Literatura, e sua trajetória foi registrada no “D. O. Leitura” de São Paulo nº 109, de 10.6.1991.
     Em 1987, recebeu o “Prêmio Intelectual do Ano - Troféu Juca Pato”, da União Brasileira de Escritores. Publicou 16 livros, vários ligados à nossa história política, aos cultos mágico-religiosos de origem africana no Brasil, uma novela folclórica, um livro de crônicas, e deixou um total de 22 obras inéditas.
     O Escritor lançou no Norte o “Movimento Flaminaçu”, ponto de partida de uma corrente literária renovadora, que acabou por integrar o Movimento Modernista.
     Eis como Abguar Bastos definiu a trova: “É o meio que o sentimento procura para encantar, no mínimo de expressão poética, as grandezas da vida e da natureza, assim como quem guarda numa simples gota a imensa sedução de um bom perfume”.
     Eis algumas de suas trovas mais conhecidas:
 
 Nunca leves muito a sério
aquele que te elogia...
Nunca sabemos ao certo
onde mora a hipocrisia.
 
A noiva passa levada
pelas asas do seu véu:
é como estrela enfeitada
para uma festa no céu.
 
Campo neutro de papel ...
As letras a caminhar...
E quando palavras formam
são pássaros a voar!
 
No porto da longa vida,
aportam várias idades;
os barcos chegam da lida
e descarregam saudades.
 
Quando os sinos cedo tocam
e o som se expande veloz,
é o rumor de asas dos anjos
que do céu vêm até nós.
 
Se uma lágrima desliza
por teu rosto, logo ao vê-la,
fico alegre em transformar
a gota d’água em estrela.
 
Se essa flor se chama cravo,
é que cravo crava o amor,
pois de flor é feito o cravo
que crava no amor a dor.
 
Essas espumas do mar
são rendas brancas das saias
que as sereias vão deixando
abandonadas nas praias.
 
Se as coisas do amor só duram
enquanto perdura o encanto,
se o encanto pode acabar
é que o amor não vale tanto.
 
O amor é uma “bombonnière”
- porcelana dos desejos -
onde escondemos lembranças
e onde guardamos os beijos.
 
Paz é mãe beijando o filho,
paz é música tocando.
Paz é rosa na roseira,
paz é pássaro cantando.
 
Se o gorjeio vem do céu,
é festa afastando o pranto.
Se o gorjeio é na gaiola,
é o pranto que se fez canto.
 
As fontes são mais sensíveis
que os humanos possam ser...
Choram muito, choram sempre,
choram mesmo sem querer.
 
Se você quiser me dar
de verdade o coração,
dê-me todo por inteiro:
amor  não quer divisão.
 
NOTA DO SITE FALANDO DE TROVA =  as trovas e os dados biográficos do poeta nos foram gentilmente enviados por Maria Thereza Cavalheiro, incansável batalhadora em prol da Trova Literária no Brasil.