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FOTO: da esquerda para a direita, José Ouverney, o também saudoso João Costa e Joaquim Carlos, na praça em Nova Friburgo.
A ÚLTIMA CERVEJA
Conheci o friburguense Joaquim Carlos nos Jogos Florais de Bandeirantes/PR, no ano 2000. Éramos, ambos, praticamente iniciantes nesse cenário de trovas e eventos do gênero. Eu não conhecia quase ninguém. Nessa mesma ocasião fui apresentado a Serginho Ferraz, também de Nova Friburgo, A.A. de Assis, esse legendário trovador, e toda a turma de Bandeirantes: Lucília, Lúcia Daloce, Stela, Neide...
Mas a empatia com Joaquim foi imediata. Ali tomamos muitas cervejas juntos. Houve até um episódio pitoresco: no saguão do hotel eu e ele ficamos ouvindo, encantados, um ensaio de Pedro Ornellas e Campos Sales. De repente alguém veio nos cobrar a trova com a qual deveríamos concorrer no chamado “concurso-relâmpago”. Joaquim falou que ali estava tão bom que ele nem se lembrara desse detalhe. Foi quando eu disparei o improviso:
Numa tarde sertaneja
com Campos Sales e Ornellas,
ficamos só na cerveja,
e as trovas... me esqueci delas”
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Dezenove anos depois, recebo a notícia do falecimento do amigo, na noite de 04 de outubro de 2019. Simplesmente ele se foi. Sem avisar. Até outro dia ainda li suas postagens no facebook, coisa que ele adorava fazer...
Não deu tempo nem de tomarmos a última cerveja juntos. Mas de uma coisa ele não abriu mão: partiu no mesmo dia em que os trovadores comemoram o seu patrono, São Francisco de Assis.
Coincidência ou não, para quem amou tanto a trova, a ponto de incorporá-la em seu cognome literário: “Joaquim Carlos Trovador”, foi este o seu maior troféu. Descanse em paz, Joaquim!